O antigo secretário-geral da CGTP Arménio Carlos admite que lhe custa ver o PCP “ser queimado em lume brando” por não ter respondido diretamente à questão da Ucrânia. “Aquilo que eu sinto, aquilo que me dói, aquilo que me custa, é que na sociedade portuguesa, com esta situação, o Partido Comunista continua a ser queimado em lume brando. É isso que eu não quero, porque não é isso que está na origem das posições do partido. O partido sempre foi contra a guerra, pela paz”, refere em entrevista ao programa “Hora da Verdade” da “Rádio Renascença” e do jornal “Público”.
Arménio Carlos acredita que enquanto o PCP não se libertar do “estigma” por si criado sobre a guerra na Ucrânia terá dificuldade em dar centralidade às propostas que respondem à vida dos portugueses. “Quando alguma coisa não corre bem, nós também temos de dizer: não correu bem, não era aquilo que pensávamos, corrigir. Acho que o partido devia fazer isso”.
“A Rússia invadiu a Ucrânia, supostamente para defender as populações russófonas. Mas certo é que, neste momento, a Rússia já alargou o seu espaço de ocupação”, diz. “Há uma visão da reconquista unipolar do mundo, quer no plano económico, quer no plano comercial, quer no plano militar por parte dos Estados Unidos da América, que agora têm alianças mais profundas com a União Europeia, etc. E nós sabemos que está a tentar criar um bloco com mais força para confrontar a China. Sabemos disso, isso é verdade. Sabemos que querem enfraquecer a Rússia. Também sabemos que é verdade. Isso é uma coisa e temos de continuar a denunciar os objetivos. Outra é aquilo a que nós assistimos”.
O sindicalista considera que Paulo Raimundo “deu mais algumas nuances” sobre o assunto, acreditando que “utilizou uma expressão correta”. “Neste caso concreto, há culpados, que são os Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia. E há uma parte que é a vítima, que é o povo ucraniano. E aqui corretíssimo. E que é necessário é promover a paz e acabar com a guerra. Corretíssimo. Subscrevo isto por baixo.”
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