Política

Gouveia e Melo: mais longe de CEMGFA, mais perto de Belém?

28 outubro 2022 14:57

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

O almirante foi esta semana condecorado como irmão honorário pela Misericórdia do Porto e depois foi à associação Viriatos 14, em Viseu

rui duarte silva

Nome do chefe da Força Aérea começa a ganhar impulso. Gouveia e Melo fica mais livre se quiser disputar Presidência

28 outubro 2022 14:57

Vítor Matos

Vítor Matos

Jornalista

Qual dos três chefes militares? Almirante Gouveia e Melo, da Marinha? General Cartaxo Alves, da Força Aérea? Ou general Nunes da Fonseca, do Exército? A três meses do início do processo, a escolha do próximo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) está a agitar os meios político-militares, até porque a definição do sucessor do almirante Silva Ribeiro no topo das Forças Armadas será das que mais consequências políticas poderá ter desde que os militares perderam poder em 1982. Com Gouveia e Melo a liderar todas as sondagens sobre as eleições presidenciais de 2026, este será um fator decisivo a considerar por quem tem de tomar a decisão: o primeiro-ministro, António Costa, que propõe o nome a Belém, e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que terá de decidir se aceita.

Neste momento, entre as altas patentes da Força Aérea e outras fontes políticas e militares ouvidas pelo Expresso, reforça-se a convicção de que o próximo CEMGFA será o general Cartaxo Alves e não Gouveia e Melo, até para se cumprir a tradição não escrita (e nem sempre cumprida) de rotação dos ramos à frente do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA). A hipótese de a escolha recair sobre o almirante — que ainda goza da popularidade conquistada como coordenador da campanha de vacinação contra a covid-19 — tem vindo a perder força, e o próprio já terá feito chegar a António Costa o recado de que gostaria de continuar a desenvolver o seu trabalho para “revolucionar” a Marinha (expressão que tem usado), cujo Estado-Maior chefia há menos de um ano. Além disso, há outro fator: desde 1981, quando o general Melo Egídio, do Exército, sucedeu ao Presidente da República Ramalho Eanes como CEMGFA, que não se repetem dois chefes do mesmo ramo no topo da pirâmide militar. Com o EMGFA chefiado por um oficial da Marinha há cinco anos, esse tempo poderia subir para cinco ou dez.