Política

Costa acusa IL de “imitar” o Chega no “estilo de luta livre no meio do lamaçal”

Costa acusa IL de “imitar” o Chega no “estilo de luta livre no meio do lamaçal”
JOSÉ SENA GOULÃO

António Costa arrisca uma explicação para a saída de Cotrim de Figueiredo da liderança da Iniciativa Liberal: “Não se devia sentir bem com o estilo de luta livre no meio do lamaçal”. Primeiro-ministro acusa IL de “imitar” o Chega e questiona “fascínio” da direita democrática por aquele partido: “Olhem para Itália”, sugere

Questionado sobre o anúncio da saída de João Cotrim de Figueiredo da liderança da Iniciativa Liberal, António Costa disparou contra a IL e a direita democrática no seu todo que, no seu entender, tem “um verdadeiro fascínio pelo Chega” e procura imitá-lo no estilo de “luta livre no meio do lamaçal”. E deixou um aviso: “Olhem para Itália e vejam o que acontece: na voragem de normalizar e imitar o Chega acabam a ser liderados pela extrema-direita”.

Depois de quase 40 minutos de declarações aos jornalistas à margem de uma conferência no ISCTE, o primeiro-ministro comentou um pouco de tudo. Desde o princípio de acordo com Espanha e França para as interconexões energéticas - onde criticou duramente o social-democrata Paulo Rangel, acusando-o de “não perceber nada do assunto” -, às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre Passos Coelho e ao anúncio da saída de Cotrim de Figueiredo da IL.

“Como já percebemos, a IL decidiu competir com o Chega num estilo de truculência e má educação democrática e, conhecendo João Cotrim de Figueiredo, admito que não se tenha sentido bem nesse estilo de luta livre no meio do lamaçal”, disse, insistindo na crítica àquilo que diz ser a “opção estratégia da IL” de imitar o partido de André Ventura. “A direita democrática tem um verdadeiro fascínio pelo Chega, mas com essa voragem de normalizarem e de imitarem o Chega deviam era olhar para Itália e ver o que acontece”, disse. Assim sendo, “bom futuro” à direita, desejou ironicamente.

Embalado pela crítica feroz que já tinha feito ao vice-presidente do PSD Paulo Rangel e que agora estendia a toda a direita democrática, António Costa pegou ainda no exemplo do Reino Unido para afirmar que a governação liberal naquele país “destruiu dois mitos”: o mito do choque fiscal e o mito da Segurança Social privada.

“Quem dê um mínimo de atenção a este espetáculo extraordinário de uma hiper liberal em Inglaterra, percebe que quem lidera a IL se sinta hoje muito embaraçado", disse, apontando para as consequências mais visíveis da governação dos últimos 44 dias de Liz Truss que culminaram na sua demissão: a desvalorização da libra, a subida das taxas de juros, o resgate dos fundos de pensões ou a demissão do ministro das Finanças e a nomeação de um novo, que revogou tudo o que o anterior tinha aprovado.

Provada a “tragédia”, António Costa aconselhou Cotrim de Figueiredo a “voltar a dedicar-se à sua atividade empresarial e a refletir sobre a tragédia liberal”.

Também questionado sobre as declarações do Presidente da República sobre o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, António Costa recusou-se, inicialmente, a comentar, mas deixou antever que, certamente, Passos Coelho ainda terá muito a dar ao país. “Com a idade que tem, de certeza que tem muito a dar ao país, mas isso não se faz só no exercício de cargos políticos”, disse, lembrando que “raras vezes” os dois concordaram no que era “melhor para o país”.

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