Política

Rangel desafia Costa para debate sobre acordo de energia: "É um assunto estratégico. Não pode ficar à mercê de interesses ou conveniências"

Rangel desafia Costa para debate sobre acordo de energia: "É um assunto estratégico. Não pode ficar à mercê de interesses ou conveniências"
Rui Duarte Silva

Vice-presidente do PSD volta à carga e desafia o primeiro-ministro para um debate extraordinário no Parlamento já na 5ª feira. Rangel quer que Costa explique “porque cedeu ao lobby da energia nuclear francesa”?

Paulo Rangel não larga o tema do acordo sobre interconexões ibéricas de energia (que considera prejudicar Portugal) e este domingo veio desafiar o primeiro-ministro para um debate extraordinário no Parlamento, já na 5ª feira, sobre o assunto. O vice-presidente do PSD quer que António Costa explique "a troco de quê Portugal cedeu num interesse tão vital como o das interligações eléctricas?

“Este é um assunto estratégico, duradouro, para as gerações futuras. Não pode ficar à mercê de arranjos ou conveniências presentes ou futuros de primeiro-ministros socialistas ou do Presidente francês”, afirmou Rangel numa declaração aos media a partir do Porto, insinuando uma cedência do chefe do Governo português a Emanuel Macron.

Insistindo que António Costa “deixou cair as interconexões eléctricas que estavam negociadas e financiadas” desde os tempos do Governo de Pedro Passos Coelho, e que a isso somou - com o acordo que assinou com Madrid e Paris - “uma subvalorização da posição estratégica do Porto de Sines no que toca ao gáz, Rangel acusou o Governo de continuar na ”propaganda fácil e descarada".

Em resposta aos dois ministros (a da Presidência e o do Ambiente) que, neste sábado, vieram reagir à sua primeira declaração sobre este tema, acusando-o de ‘bota-abaixismo’, o vice-presidente do PSD contra-atacou: “Da senhora Ministra, não houve sequer um esboço de resposta. Limitou-se a dizer que o PSD diz mal de tudo. Sobre tudo o que importava, não disse nada”, afirmou.

Quanto a Duarte Cordeiro, Rangel diz que “esperava mais” e destaca “a inconsistência técnica de muitas das soluções vagas que propugnou”, nomeadamente no que toca à aposta no hidrogénio, que muitos especialistas já consideraram “um disparate”. Mas “o pior e mais grave”, sublinhou, é que “o Ministro do Ambiente não foi capaz de dizer porque foram suprimidas e abandonadas as duas interligações eléctricas nos Pirinéus”, quando “em todo este dossiê, o assunto mais importante e mais fundamental para Portugal são as interconexões eléctricas”.

“Estavam previstas duas, ambas nos Pirinéus, ambas com financiamento europeu garantido e o Ministro do Ambiente nem sequer se referiu a elas, não foi capaz de explicar porque cedeu em toda a linha o Primeiro Ministro ao lobby da energia nuclear francesa”, acusou, questionando “a troco de quê, Portugal cedeu num interesse tão vital?”

Conhecedor dos meandros europeus, onde é eurodeputado e vice-presidente do PPE, Paulo Rangel alerta que “raras vezes houve um contexto europeu tão favorável à defesa dos nossos interesses; tirando a França, tínhamos os restantes 25 Estados connosco” e insiste que “Não havia razões para desistir e baixar a bandeira branca”. Sobretudo estando em causa “uma questão estratégica para Portugal” e “decisões que afectarão a nossa economia e o nosso bem estar nas próximas décadas. Seja no plano da “autonomia” ou “soberania energética” (portuguesa e europeia); seja no campo do ambiente e do combate às alterações climáticas; seja no da captação e fixação de investimento estrangeiro e até nacional”.

Sem querer comentar as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa que na véspera disse estar-se perante “o acordo possível” que permitiu evitar “um beco sem saída”, Rangel reafirmou que “O PSD considera esta questão uma questão de interesse estratégico nacional. E, por isso, não se conforma com um acordo que nos prejudica”.

Defendendo que “nesta matéria, temos de ter visão e ambição”, o vice-presidente do PSD insiste no resumo que desde sábado faz do acordo celebrado entre Costa, Sanchez e Macron: “A França e a energia nuclear ganham; Portugal e as renováveus perdem; e nas interligações de gás e futuramente de hidrogénio, a Espanha e Barcelona ganham e Portugal e Sines perdem”.

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