Política

Marcelo entre o "prato de lentilhas" e a "vitória": acordo ibérico foi "o possível" para evitar "beco sem saída"

Marcelo entre o "prato de lentilhas" e a "vitória": acordo ibérico foi "o possível" para evitar "beco sem saída"
JOSÉ COELHO

“A política é feita disto e não propriamente do ideal”. Presidente da República diz que “esta é uma saída muito melhor do que a não saída que existia há três dias”

Nem a “vitória” proclamada pelo Governo, nem o “passar de cavalo para burro” denunciado pelo PSD. Para o Presidente da República, o acordo sobre novas interconexões ibéricas em matéria de energia foi “o acordo possível” - “a política é feita disto, não é feita propriamente do ideal”, afirmou - mas teve a relevância de permitir evitar “um beco sem saída”.

“Havia um obstáculo intransponível, a posição do Governo francês. Esse obstáculo foi ultrapassado. Dir-me-ão: mas era melhor que tivesse sido de outra maneira, era diferente se tivesse sido de outra forma. A realidade é que era zero, era uma oposição total”, alertou Marcelo Rebelo de Sousa, que comentou as críticas do vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, ao acordo alcançado esta semana entre Portugal, Espanha e França à margem de uma sessão pública em Cascais.

Escusando-se a comentar diretamente declarações de responsáveis políticos - Rangel acusou o Governo de prejudicar o interesse nacional -, o Presidente insistiu que se estava “num beco sem saída” uma vez que a França, depois da mudança da presidência, “não aceitava qualquer tipo de interconexão”.

Assim, Marcelo valorizou o facto de ter sido “possível ultrapassar essa oposição”, ainda que fazendo "a ligação em termos diferentes dos que tinham sido pensados há uns anos”.

Considerando que “esta é uma saída muito melhor, de longe, do que a não saída que existia até há três dias”, o Presidente lembrou que “a política é feita disto, não é feita propriamente do ideal, é feita daquilo que é possível e aqui o possível é ou nada ou uma realidade como esta, abrindo o caminho, agora na cimeira entre Portugal e Espanha, para ver como é o financiamento e como é que se transforma em concretização aquilo que é muito importante porque cada mês que passa, cada semestre que passa é um problema”.

E não o é apenas para Portugal e Espanha, "é para a Europa porque se trata do fornecimento de gás e amanhã de hidrogénio verde para toda a Europa”, sublinhou.

Recorde-se que o dia foi marcado por um forte pingue-pongue político entre Governo e PSD em torno do acordo firmado entre Costa, Sanchez e Macron.

Paulo Rangel, vice-presidente do maior partido da oposição, acusou António Costa de ter trocado a expectatável e prevista centralidade do porto de Sines no abastecimento de gáz à Europa por “um prato de lentilhas” em que Sines vai ter a “concorrência de sete portos espanhóis”.

E os socialistas mobilizaram dois ministros, a da Presidência e o do Ambiente, e ainda o secretário-geral adjunto do PS, para acusar o PSD de bota-abaixismo e puxar pela “vitória” alcançada.

Marcelo Rebelo de Sousa fez a síntese, embora valorizando o “acordo possível”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AVSilva@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas