O ministro do Ambiente e da Acção Climática não se compromete com garantias a 100% de que Portugal não terá problemas de forncecimento de gás. “Tudo faremos”, “Estamos a fazer tudo para garantir que não haverá falhas”, foram as expressões de Duarte Cordeiro, esteb sábado, em entrevista à SIC, onde admitiu que "dizer mais do que isto não é ser sério".
Horas depois do Presidente da REN ter assumido, nos Encontros de Cascais, que as reservas de gás existentes dão “para menos de um mês”, o ministro foi cauteloso, garantindo no entanto que o Governo está a fazer tudo ao seu alcance para evitar ruturas.
Referindo-se ao acordo fechado esta semana entre Portugal, Espanha e França sobre novas interconeções energéticas na Europa, Duarte Cordeiro anunciou que uma estimativa da REN (Redes Energéticas Nacionais) prevê para Portugal um custo deste novo projeto entre 200 e 300 milhões de euros ("mais próximo dos 300"). E admitiu que se o financiamento europeu não for a 100%, o projeto “terá impacto tarifário”.
Para o evitar, disse que o Governo tudo fará para tentar garantir “um forte financiamento europeu”, mas sem certezas.
Depois, apostado em contrariar o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, que horas antes acusara o Governo de ter sido o perdedor nas negociações com Madrid e Paris, o ministro do Ambiente disse “não ter dúvidas de que isto é bom para o país”, e criticou Rangel quando este afirma que António Costa trocou a preponderância inicialmente prevista para o porto de Sines para a entrada de gaz na Europa “por um prato de lentilhas”.
“Portugal ficou pior porque caíram os compromissos que existiam – firmes, calendarizados e financiados desde 2014 – para a construção de duas interligações elétricas nos Pirenéus", denunciou o dirigente do PSD, considerando que “esta troca de gasodutos vai secundarizar o terminal de Sines”, porque embora sendo “útil” o transporte de gás importado, é “muito menos interessante” para Portugal do que para Espanha.
Duarte Cordeiro - que falou depois da ministra da Presidência já ter acusado o dirigente da oposição de “ver sempre mal” e a quem ainda se juntaria o secretário-geral adjunto socialista, João Torres, para colar o PSD ao ‘bota-abaixismo’ - contrapôs a Rangel que é “um absurdo” a dicotomia usada pelo dirigente da oposição entre os novos gasodutos previstos no acordo a três e o porto de Sines.
"O (novo) gasoduto valoriza Sines e valoriza a possibilidade de nós produzirmos gás renovável e aproveitarmos o gasoduto para a exportação, ou podemos utilizar até Sines para a exportação de hidrogénio por barco”, defendeu o ministro. Que preferiu focar-se nas vantagens de passarmos a poder contar com “diversificadas alternativas”.
"Vamos sempre usar o gasoduto para transporte de gáz e gases renováveis”, afirmou. Sem comentar diretamente o principal argumento de Paulo Rangel: “com as novas as interligações do gás e com a valorização dos terminais espanhóis de Barcelona e Valência, Sines deixa de ter importância estratégica”. Porque ”Sines estará ligado a Barcelona, mas terá de “competir com sete terminais existentes em território espanhol”.
Para o ministro do Ambiente, “A lição a tirar da excessiva dependência do leste" é outra e passa por perceber que aproveitar o fornecimento pelo sul é uma oportunidade” e que Portugal será um dos beneficiários, no atual contexto de incerteza provocada pela guerra na Ucrânia.
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