Foi um discurso 'dois em um'. Ao encerrar o Congresso da Ordem dos Contabilistas, em Lisboa, o Presidente da República deixou dois avisos ao Governo de António Costa. Primeiro: não deve adiar a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa “por falta de sustentabilidade na visão dos responsáveis”. Segundo: “se anteciparam medidas (de apoio às famílias para compensar a inflação) deve-se antecipar também todos os esclarecimentos sobre o que vai ser o seu futuro”.
Marcelo Rebelo de Sousa falou de improviso mas soltou o registo. Insistindo na pressão para que o Governo informe e fale claro aos portugueses sobre o que está para vir e que ele próprio já diagnosticou ser “mau”, disse que “gerir hoje não é gerir metas de curto prazo nem exclusivamente económico-financeiras”.
“Gerir hoje é gerir também metas sociais, para as pessoas e com as pessoas”, afirmou o Presidente, defendendo que o Executivo de António Costa “inclua” os cidadãos na decisão, começando por lhes dar informação que os sensibilize para a realidade de médio prazo num contexto de guerra e crise económica na Europa e no mundo.
Sobre o novo aeroporto de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se com a base de um acordo PS/PSD que por estes dias ficou firmado quanto à metodologia a seguir - “folgo por ser possível, aparentemente e finalmente, podermos saber quanto é que avança um investimento estrutural prometido há não sei quantos anos”. Mas empurrou o Executivo para que não arraste a decisão final.
“O que agora se espera é que não demore décadas ou eternidades, por falta de sustentabilidade na visão dos responsáveis políticos”, afirmou o Presidente, em aparente rota de colisão com o que já foi anunciado pelo primeiro-ministro quando remeteu certezas só para daqui a ano e meio.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AVSilva@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes