Política

Chega volta a falhar eleição para a vice-presidência do Parlamento. Montenegro não conseguiu convencer maioria da bancada

Chega volta a falhar eleição para a vice-presidência do Parlamento. Montenegro não conseguiu convencer maioria da bancada
TIAGO PETINGA/Lusa

Rui Paulo Sousa obteve 64 votos favoráveis, aquém dos 116 necessários para ser eleito vice-presidente da Assembleia da República (AR).

Pela terceira vez, o Chega voltou a falhar a eleição do seu candidato para a vice-presidência da Assembleia da República (AR). O nome de Rui Paulo Sousa, vice-presidente do grupo parlamentar, obteve 64 votos a favor e 137 votos brancos, anunciou esta quinta-feira o presidente da AR, Augusto Santos Silva.

Um resultado que ficou bem atrás dos 116 deputados necessários para alcançar maioria absoluta. Segundo o Regimento do Parlamento, cabe aos quatro maiores grupos parlamentares proporem candidatos para a vice-presidência da mesa da AR, mas só serão eleitos se conseguirem maioria absoluta dos votos. “É um boicote parlamentar vergonhoso”, clamou André Ventura no plenário, apontando responsabilidades à maioria absoluta do PS.

Em resposta, o líder da bancada dos socialistas, Eurico Brilhante Dias fez questão de sublinhar a “linha vermelha” que separa o partido de forças de “extrema-direita antidemocráticas”.

Rui Paulo Sousa teve apenas mais 27 votos a favor do que o anterior candidato, Gabriel Mithá Ribeiro, somando 64 votos. Ou seja, excluindo os 12 deputados do Chega, só 52 deputados votaram a favor do novo nome proposto pelo partido. Luís Montenegro não conseguiu, assim, convencer a maioria dos 77 deputados da bancada a votar a favor do candidato do Chega.

Desta vez, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, apelou aos deputados da sua bancada para votarem a favor do novo candidato proposto pelo Chega para a vice-presidência do Parlamento. Num mail enviado poucas horas antes da votação, Miranda Sarmento invocou uma questão de “igualdade” e "respeito" para a posição assumida com Luís Montenegro, contrariando aquela que tinha sido a indicação dada, no início da legislatura, por Rui Rio, que deu liberdade de voto aos deputados na votação dos lugares na mesa da AR.

Um gesto que André Ventura - que admitiu ter contactado Luís Montenegro com vista a obter uma votação mais favorável - disse ver como um bom indício e um sinal de “normalização” do PSD já de olhos postos numa alternativa da direita em 2026. Algo que Montenegro depressa contrariou: “Não tem a ver com nenhuma aproximação política, mas com o respeito pelas instituições e democracia", disse o líder do PSD, em declarações, à margem de uma visita ao Parque da Ciência e da Tecnologia de S. Miguel.

O partido de André Ventura tinha proposto antes Diogo Pacheco de Amorim e Gabriel Mithá Ribeiro para a vice-presidência da AR, mas ambos falharam a eleição. O ideólogo do Chega contou com 35 votos a favor, 183 brancos e seis nulos, enquanto o professor universitário obteve 37 votos a favor, 177 brancos e 11 nulos.

Também a Iniciativa Liberal (IL) não conseguiu eleger João Cotrim de Figueiredo para a vice-presidência da AR no início da legislatura, mas ao contrário do Chega, não voltou a apresentar novos nomes para o lugar. Esta quinta-feira, o líder liberal não hesitou, porém, em pedir explicações ao PS: “Nesta questão da vice-presidência senti-me de alguma forma abrangido. Qual é a sua leitura política, hoje, da decisão de não dar orientação à sua bancada? Considera a IL para além dessas supostas linhas vermelhas?”, questionou. Em resposta, Eurico Brilhante Dias disse que o ex-candidato só contou com 108 votos pois a larga maioria veio daquela bancada e desafiou a IL a apresentar um novo candidato.

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