A semana ficou dominada pela morte da rainha e o habitual comentário de domingo de Marques Mendes na SIC começou pelo tema sublinhando “a impressionante comoção do cidadão comum em torno da morte de Isabel II” e “em todo o mundo, em todas as classes sociais e em todos os sectores políticos”.
“Há uma razão que explica este facto invulgar: para milhões de pessoas a morte de Isabel II é como se fosse a morte de uma tia ou de uma tia-avó. A rainha não tinha poder político real, mas tinha um poder simbólico e afetivo. Todo o Mundo a conhecia; toda a gente conviveu décadas com a sua presença; a rainha tinha com todos uma relação quase familiar, marcada por um sorriso desarmante. Falava-se na rainha e todos sabiam que se falava da rainha de Inglaterra!”
Além disso, disse o comentador, "a rainha improvável que se tornou um caso invulgar de vivência pessoal e institucional. A rainha não teve apenas vida longa, teve sobretudo uma vida cheia e intensa".
Por fim, enfatizou que a monarquia lhe deve muito. A monarquia britânica e a monarquia em geral. "Isabel II teve um reinado exemplar: de sentido de Estado, de serviço público; de referência moral e consenso político. Com o seu carisma prestigiou a monarquia. No tempo em que a monarquia mais dificuldades atravessava.
Finalmente, “a morte de Isabel II encerra um ciclo no Reino Unido e na Commonwealth. Um ciclo de unidade e coesão. A rainha foi sempre o cimento dessa unidade e coesão. Isabel II fez do seu exemplo fonte de legitimidade, autoridade e força aglutinadora. É difícil que o novo ciclo seja tão virtuoso quanto este. Basta pensar na Escócia e na Irlanda do Norte e nas suas pretensões de independência. Cada um de nós, à sua maneira, tem uma dívida de gratidão para com Isabel II”.
Na opinião de Marques Mendes, o rei Carlos III começou bem logo na sexta-feira: no contacto com as pessoas e no discurso de emoção e razão, autenticidade, que fez à nação. “A monarquia britânica aprendeu muito com a crise da morte de Diana”. A “monarquia não vai a votos, mas precisa de apoio e o rei Carlos III vai ter a dificuldade em substituí-la”. Mas “o novo rei pode surpreender”, disse.
Plano de apoio às famílias
O segundo tema que mereceu a atenção do comentador foi o plano de apoio às famílias, estimado em 2,4 mil mihões de euros. É positivo em muitos aspetos, como o reforço financeiro às famílias. “É um plano prudente”, disse. Mas são os pontos negativos que mereceram a sua análise. “Há truques a mais e verdade a menos.”
“A baixa do IVA da eletricidade é um truque. Dá-se a entender que é uma redução generalizada e não é. É só para parte dos consumos e para a parte mais pequena”.
Já no “crédito à habitação é uma confusão: o ministro Pedro Nuno Santos diz que está a ser estudada forma de apoiar os que estão a sofrer com a subida dos juros. O ministro das Finanças diz que não. Eles são do mesmo Governo”.
O aspeto mais negativo é “nas pensões de reforma para 2024. As pensões nesse ano vão baixar a sua base de atualização. O Governo falha duplamente: falha ao penalizar as pensões futuras e falha ao querer fazê-lo à socapa, na base de um truque. O que irrita as pessoas, incluindo apoiantes do próprio Governo”, disse.
No caso das pensões futuras, Marques Mendes afirma: “O Governo não esteve bem, nem na substância, nem na forma. Na substância porque penaliza as pensões a partir de 2024. Os ministros dizem que não haverá cortes. Cortes no sentido literal, não. Cortes face aos direitos adquiridos por lei, claro que sim. E não são pequenos.”
Mas o primeiro-ministro reconheceu no final de dia de domingo que os aumentos não vão ser tão substanciais quanto anunciado. “Mesmo não concordando com o conteúdo, as pessoas apreciam a verdade e o Governo está a corrigir”, disse Marques Mendes.
Novo ministro da Saúde e rentrée do PS
O comentador homenageou Marta Temido na sua saída do cargo. Resolvida a questão da substituição da titular da Saúde, percebe-se porque é que António Costa “optou por esta solução: Manuel Pizarro. É seu amigo e pertence ao seu círculo político mais próximo”. Mais, “tem peso político e é um homem forte no aparelho do PS, esperemos que use o peso político que tem para fazer as reformas que são necessárias”. É, ainda, “a solução mais desejada pelos médicos”, uma “vitória da Ordem dos Médicos”, disse.
Por fim, Marques Mendes comentou as eleições no Brasil, disse concordar com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa nas comemorações do Bicentenário, e a guerra na Ucrânia. Uma novidade: “A Ucrânia está a ter algum equilíbrio no conflito recuperando território.”
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