Mariana Mortágua rasga dois pedaços de papel e estabelece um paralelo entre o valor do que acaba de criar (a que chama “Marianis”) e as criptomoedas: valor zero. A sala está lotada, há militantes a assistir de cócoras, e nem é preciso entrar para sentir o calor que vai lá dentro. A palestra que a deputada partilha com o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares, chama-se “Blockchain e Criptomoedas: o futuro é uma fraude?”, e a resposta está subentendida pelas intervenções de ambos, que saltam do registo humorístico para um alerta sobre as “falsas promessas” de enriquecimento e de democratização da finança. No final, hão de ficar uns minutos a responder a mais perguntas de novos e velhos aderentes do Bloco de Esquerda.
Foi assim todo o segundo dia da rentrée do partido. E foi como não era há dois anos, por causa da pandemia. Um único encontro a nível nacional, com uma série de debates sobre temas que estão para lá da agenda diária da política portuguesa. Alguns sobrepostos (cinco a seis debates por cada bloco horário) e, por isso, como num festival, a obrigar a fazer escolhas. Ou a “saltar de salinha em salinha”, como a militante Paula Serralha, que o Expresso encontra pelos corredores. “O Bloco está a fortalecer-se internamente e para isso estes reencontros são fundamentais”, diz.
Pela escola secundária de Coimbra em que decorre o Fórum Socialismo 2022 passam quase todas as principais figuras do partido, ora a intervir, ora a assistir às palestras. Os cinco deputados no Parlamento, ex-deputados que saíram após as legislativas, eurodeputados, históricos e até um dos fundadores (Luís Fazenda, com Francisco Louçã e Fernando Rosas ausentes). A intervenção mais marcadamente político-partidária, e porventura a mais aguardada, fica para amanhã, pela voz de Catarina Martins.
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