Política

Costa trava eventos em zona de floresta: "Isto não é uma escolha política, é da lei"

Costa trava eventos em zona de floresta: "Isto não é uma escolha política, é da lei"
PAULO NOVAIS

GNR e Proteção Civil deram pareceres negativos para a realização do festival de música SBSR no Meco e para a concentração de motos em Faro. "Nenhum político de bom senso os pode ignorar", diz António Costa. Adiamento ou mudança de local estão em cima da mesa

Em atualização

Costa trava eventos em zona de floresta: "Isto não é uma escolha política, é da lei"

Rita Dinis

Jornalista

O festival de música Super Bock Super Rock, previsto para começar esta quinta-feira e durar até sábado, não vai realizar-se nos termos em que está previsto. Adiamento ou deslocalização estão em cima da mesa, com António Costa a lembrar que todos os pareceres técnicos para a realização daquele festival, quer por parte da GNR quer da Proteção Civil, são negativos. "Não é uma escolha política, é técnica", disse aos jornalistas, sublinhando que o dossiê está a ser tratado pela secretária de Estado da Proteção Civil em articulação com os promotores dos eventos em causa.

“Isto não é uma opção política. Há escolhas políticas e determinações técnicas, e isto não é questão de opção política. A lei-quadro define de forma clara quais são as circunstâncias meteorológicas para que sejam acionados mecanismos de restrição de liberdades”, disse aos jornalistas, escudando-se no parecer negativo da GNR e no parecer negativo da Autoridade Nacional da Proteção Civil que vai no mesmo sentido. “Não há nenhum responsável político que esteja no seu perfeito juízo que possa desconsiderar a avaliação técnica destas duas entidades”, insistiu. “Ninguém de bom senso o faria”.

Festivais serão "o menor dos problemas"

Além do festival de música previsto para esta quinta-feira no Meco, está ainda em causa a realização da concentração motard em Faro. Mas o primeiro-ministro distingue os dois eventos: um deles (a concentração de motas) é mais fácil, porque basta mudar ligeiramente de local, o outro (o festival de música) é mais difícil.

"Mas vamos ter calma", disse ainda, lembrando que mais grave do que o adiamento dos espetáculos é o risco real de incêncio que está a assolar grande parte do país. Nesse sentido, o cancelamentos ou as mudanças nos festivais serão “o menor dos problemas que vamos ter no país”, atirou, perante a insistência dos jornalistas.

"É elevadíssimo o risco de incêndio que cobre praticamente todo o território nacional, vamos viver dias de enorme risco de incêndio e isso implica enorme concentração de todos nós para evitar qualquer atividade que aumento o risco", disse ainda o primeiro-ministro, pedindo a colaboração de todos para evitar comportamentos de risco como fazer lume ou até circular nos parques florestais. "Qualquer pequeno descuido pode provocar incêndios de enormes dimensões".

Lei é clara, diz Costa

Para Costa, contudo, a lei é clara e proíbe totalmente a realização de eventos em locais de floresta durante o estado de contingência. Tal como durante a pandemia a lei-quadro da Proteção Civil serviu para restringir liberdades e proibir eventos, o mesmo se pode considerar agora.

"Restringiremos as liberdades no estritamente necessário para a proteção de pessoas e bens", disse, recordando que está em vigor, desde esta semana, um despacho que proíbe todo o tipo de atividades nestas zonas de floresta e mato, prevendo exceções. "Tudo o que não esteja nas exceções, está proibído", insistiu, mostrando não estar disposto a fazer cedências a um festival de música que mobiliza milhares de pessoas e que tem contratos e bilhetes vendidos.

É preciso "encontrar soluções alternativas" que permitam que os eventos não sejam cancelados - que sejam ajustados, transferidos, recalendarizados -, continuou Costa, lembrando que o estado de contingência e o alerta de incêndio está em vigor até à meia-noite de sexta-feira. O festival dura até sábado. "A segurança das pessoas tem de estar acima de tudo. Basta um descuido e podia haver uma tragédia, é uma questão de responsabilidade", rematou.

Resumindo, não há exceções: a lei impede a realização de eventos em espaços de floresta. Decisão não é política, é técnica. António Costa põe fim à questão, ao mesmo tempo que é anunciada por Luís Montez a nova localização do festival de música: passa para o Altice Arena.

texto em atualização

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