O Presidente da República apelou este domingo a um "esforço coletivo" de todos para prevenir incêndios nos próximos dias tendo em conta "as lições que temos do passado". À saída de um briefing na Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) esta manhã, Marcelo Rebelo de Sousa diz que os avisos que têm sido feitos "não são um exagero, há risco efetivo" para os próximos dias e é previsível que piore a partir de terça-feira.
Às 15 horas deste domingo, o incêndio que inspirava mais cuidados continua a ser o incêndio que começou no concelho Ourém, no distrito de Santarém. A esta hora, os dados da ANEPC davam conta de 837 homens no terreno, com 237 viaturas e 11 aeronaves. Existe o risco de este incêndio se juntar ao incêndio que lavra em Pombal, distrito de Leiria e que mobiliza 493 bombeiros, 155 viaturas e duas aeronaves. No total, o site da ANEPC regista 60 incêndios rurais, dos quais a maior parte já está em conclusão (39) ou em resolução (11), havendo 10 ainda ativos.
Em declarções aos jornalistas, o Presidente da República disse que Portugal está a passar um "pico" de riscos de incêndio. Um pico que corresponde ao estado de contingência accionado pelo Governo este sábado até sexta-feira, mas que se pode prolongar. Para já, disse, este domingo e segunda-feira Portugal está numa situação "grave" que poderá agravar-se a partir de terça-feira com a entrada de um novo fator na equação, o vento forte.
O dia 12, terça-feira, pode assim ser o dia mais difícil, esperam as autoridades da Protecção Civil. Na terça-feira há a previsão de uma "extensão da área de risco como de elementos de risco". Ou seja, o agravamento das temperaturas, a humidade baixa e o vento forte irão alargar-se a mais distritos do país, com uma pequena excepção do litoral norte.
"Ainda não há os ventos que se teme virem com uma intensidade que ainda não vimos. A mancha [territorial] abrangida é uma, amanhã será mais ou menos a mesma, mas em princípio poderá aumentar de forma drástica no dia seguinte [terça-feira], abrangendo todo o território nacional", disse o Presidente.
Questionado sobre a prevenção que está a ser feita, o Presidente da República diz que foi informado pelo primeiro-ministro e pelo ministro da Administração Interna sobre as medidas que estão a ser tomadas e que "dentro do que dispomos está tudo a ser feito" e "está a usar-se tudo até de modo preventivo", disse, tanto que foi accionado o estado de contingência.
Em relação ao que existia em 2017, Marcelo Rebelo de Sousa diz que hoje "há hoje uma sofisticação de meios que não havia naquela ocasião". "Quando recordo 2017 e a realidade que existia, esta é mais sofisticada, de entidade envolvidas", disse.
O Presidente explicou ainda que cancelou a viagem a Nova Iorque, assim como o primeiro-ministro cancelou a sua a Moçambique, de forma coordenada porque os portugueses não iriam perceber se os dois responsáveis máximos do país estivessem fora numa altura em que se prevê um risco muito elevado de incêndios.
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