Política

Em dia de recorde de incêndios, Governo alerta para “pior conjugação de fatores desde Pedrógão Grande”

Incêndio na freguesia de Cercal, Ourém
Incêndio na freguesia de Cercal, Ourém
NUNO ANDRÉ FERREIRA

Calor extremo, trovoadas secas e ventos nocturnos estão no topo das preocupações. Últimas 24 horas com máximo de incêndios. Primeiro-ministro e ministro da Administração Interna reforçam alertas à população. Carrazeda de Ansiães, Ourém e Vale de Pia são incêndios que concentram mais meios

O Governo está preocupado com estes dias de calor alto e noites tropicais, com ventos fortes que podem desencadear uma situação em termos de incêndios como a que aconteceu em Junho de 2017, no dia dos incêndios de Pedrógão Grande.

Neste sábado, os alertas já foram deixados pelo primeiro-ministo e pelo ministro da Administração Interna. "As condições são muito exigentes, e vão exigir muito de todos nós, para conseguirmos evitar o pior nos próximos dias. Evitar o pior significa mesmo enfrentarmos uma conjugação de fatores que é talvez a pior conjugação de fatores que há desde Pedrógão Grande”, disse este sábado José Luís Carneiro, citado pela Lusa.

Tendo em conta o grau de preocupação, o Governo decidiu reforçar a comunicação. Logo de manhã, o primeiro-ministro partilhou nas redes sociais um apelo a que a população evite comportamentos de risco. "Este é um fim de semana de alto risco. NÃO FAÇA FOGO E NÃO USE MÁQUINAS! Prevenir o fogo é a melhor ajuda que podemos dar aos bombeiros. Portugal chama por todos!", escreveu.

Pouco depois, na reunião da Comissão Nacional do PS que decorreu esta manhã em Ílhavo, António Costa dizia que o que o preocupava era que "este fim de semana é de alto risco e temos de estar preparados para enfrentar os incêndios".

Para os próximos dias, o Governo decretou a situação de alerta e, na Protecção Civil, a partir da meia-noite de hoje "vai ser elevado o nível de alerta especial” do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para o nível laranja nos distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro, juntando-se aos outros nove distritos (Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Aveiro, Coimbra e Leiria) que já estavam nesta categoria. Elevar o grau de prontidão permite que haja uma maior e mais rápida mobilização de meios de combate.

Depois de ter estado ontem, no Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), este sábado, o ministro da Administração Interna sobrevoou, numa aeronave da Força Aérea, a zona dos incêndios que lavram em Carrazeda de Ansiães, Bragança, e em Ourém, no distrito de Leiria. "É evidente que as temperaturas que podem alcançar os 44 e os 45 graus, ventos de leste tocados para noroeste com mais de 60 quilómetros horários, em período noturno, com noites consideradas noite tropicais, e com trovoadas secas (…) [fazem com que estejam] estão reunidas um conjunto de condições para que transformem os próximos dias nos dias mais exigentes que tivemos nos últimos anos desde Pedrógão Grande”, disse o ministro da Administração Interna.

Meios aéreos no combate ao incêndio na freguesia de Cercal, Ourém
NUNO ANDRÉ FERREIRA

Maior número de incêndios nas últimas 24 horas

A preocupação do Governo traduz-se em números. No briefing diário da Autoridade Nacional de Emergência Protecção Civil (ANEPC), este sábado ao meio-dia em Carnaxide, a ANEPC deu conta de um recorde de ingnições em 24 horas. Nas últimas horas, deflagraram 121 incêndios, mais do que em qualquer dia este ano.

Os distritos de Porto (36), Aveiro (15) e Lisboa (14) foram os distritos onde se registaram mais ocorrências.

“Há um agravamento da situação, nomeadamente na região sul. Estamos a viver uma situação quase inédita do ponto de vista meteorológico. A situação vai-se manter e é proibido usar maquinaria nestes dias que se seguem para baixarmos o número de ignições, que têm vindo a aumentar”, afirmou o responsável da ANEPC, André Fernandes, citado pela Lusa.

Ourém, Carrazeda de Ansiães e Vale de Pia levantam preocupações

Neste momento, a Protecção Civil destaca três incêndios que geram maior preocupação no combate às chamas, nomeadamente em Ourém (distrito de Santarém), Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança) e Vale da Pia (distrito de Leiria).

De acordo com a página da ANEPC, neste momento há 3.587 homens no terreno, apoiados por 1.129 viaturas e 25 aeronaves.

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