Foi Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas, a assinar o despacho 7980/C2022, que acelera a construção do aeroporto do Montijo. Uma decisão tomada pelo Governo, diz o texto oficial, como forma de responder ao "esgotamento da capacidade da infraestrutura aeroportuária" de Lisboa e para acabar com a "pressão insustentável" na principal porta de entrada do País. O nome do ministro Pedro Nuno Santos não consta do despacho, mas foi a ele que o primeiro ministro assacou responsabilidades, notificando-o para uma revogação imediata do diploma. O despacho 'morreu' mal foi publicado no Diário da República, desta quinta-feira, mas os efeitos políticos estão para durar. E abriram a primeira crise política do primeiro Governo de maioria absoluta de António Costa.
O número 7980/C2022 vai ser importante. Na anatomia desta crise política - que pode levar à saída do Governo de Pedro Nuno Santos - as cinco páginas do despacho oficial são dados importantes a reter. Como num acidente aéreo, a caixa negra e o plano de voo vão ter de ser analisados ao detalhe e, logo para começar, é preciso perceber os motivos que levam o Ministério das Infraestruturas a acelerar a fundo na construção do aeroporto do Montijo até à concretização do aeroporto em Alcochete, apontada para 2035.
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