Política

Marcelo dá tempo a Costa: “Ainda vamos longe do fim da história”

23 junho 2022 23:09

O teste da rua diz ao PR que o povo que quis a maioria do PS ainda não virou

nuno fox/lusa

É cedo para descolar de um Governo com três meses, dizem-lhe os sinais da rua. Presidente dá tempo a Costa (e a Montenegro). Atento aos “problemas estruturais que não foram resolvidos”

23 junho 2022 23:09

“Há muitos problemas estruturais que não foram resolvidos. Vamos ver se contribuo para que ainda algo seja possível em termos estruturais na sociedade portuguesa.” À conversa com o Expresso na semana em que a maioria absoluta socialista cumpre três meses em funções, o Presidente da República assume querer dar tempo ao terceiro Governo de António Costa, de quem espera que, uma vez liberto da ‘geringonça’, passe da gestão do dia a dia para a resolução dos problemas de fundo com que o país continua confrontado e de que o SNS é apenas um exemplo.

Criticado pelos que gostariam de o ver assumir uma posição mais dura e se exasperam ao ouvi-lo segurar a ministra da Saúde com as urgências de obstetrícia em pré-rutura, Marcelo Rebelo de Sousa resiste a assumir-se como um trouble maker e fá-lo por três razões. Primeira: quando está prestes a entrar em cena um novo líder do PSD que é suposto liderar a oposição, o Presidente acha um erro retirar-lhe espaço (coisa que aponta a Cavaco Silva). Segunda: ele próprio gostaria que a sua década em Belém ficasse associada a algo de mais estrutural do que reza a história dos últimos seis anos, e para isso um bom desempenho do Executivo, quanto mais não seja na execução do PRR, além de ser um ganho para o país, pode sê-lo também para o Presidente. Terceira: mesmo que o tempo lhe venha a dar argumentos para descolar do Governo, Marcelo acha que é cedo. O Executivo tem três meses de vida e um chefe de Estado quatro anos em oposição também se desgasta a si próprio.