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A abstenção recorde, o fim do rioísmo, e a "maioria expressiva" para aguentar o barco. A vitória de Montenegro à lupa

Luís Montenegro com a mulher à saída do hotel onde festejou a eleição como líder do PSD
Luís Montenegro com a mulher à saída do hotel onde festejou a eleição como líder do PSD
MANUEL FERNANDO ARAUJO/Lusa

Os 72% contra apenas 27 do adversário dão a Luís Montenegro a maioria expressiva de que tanto precisava para ambicionar ser mais do que um líder de transição. Ganhou em todos os distritos, teve maiorias quase norte-coreanas em alguns deles (como na Madeira) e neutralizou o trabalho da máquina rioísta nos sítios onde ela era mais forte (Ovar, Barcelos, Porto). Só a abstenção recorde mancha uma vitória quase perfeita

A abstenção recorde, o fim do rioísmo, e a "maioria expressiva" para aguentar o barco. A vitória de Montenegro à lupa

Rita Dinis

Jornalista

À terceira foi de vez. Luís Montenegro cumpriu este sábado um sonho antigo e foi eleito líder do PSD com uma votação nunca antes vista - numa eleição disputada a dois. Se o número mágico que andava na cabeça do seu núcleo duro era uma vitória na casa dos 60%-40% (a ordem era para não subestimar a máquina de Rio que estava, em certa medida, a trabalhar com Jorge Moreira da Silva), os números que iam chegando este sábado à noite aos computadores dos sociais-democratas eram esmagadores. A estratégia tinha resultado: ninguém podia, a partir de agora, questionar a liderança e erguer fantasmas de oposição. Era o primeiro passo de que Montenegro precisava para tentar chegar à fase seguinte da sua maratona: aguentar o barco até à reeleição.

“Este resultado revela que nós, no PSD, temos uma maioria expressiva a secundar esta liderança e este programa. Vamos ter a vida mais facilitada para termos unidade e coesão no PSD”, disse na noite eleitoral. Ter a vida mais facilitada é o mesmo do que dizer que, pelo menos nos próximos dois anos, ninguém pode questionar internamente a liderança, isto é, ninguém pode fazer a Luís Montenegro o que Luís Montenegro fez a Rui Rio. Isto porque Montenegro saiu da derrota de 2020 com o peso dos 47% que tinha conquistado - apenas menos dois mil votos do que o adversário - e, nesse sentido, podia dizer que "ia andar por aí". O partido, nessa altura, não estava unido. Agora, pode dizer que está. Ainda assim, Jorge Moreira da Silva deixou claro que não vai abdicar das suas ideias e do seu projeto para o país - uma forma de dizer que também ele vai andar por aí. Mas ter 27% não é o mesmo do que ter 47%.

Uma etapa já está. Ninguém, no hotel Solverde em Espinho, escondia a felicidade. Os mesmos que, há dois anos, levaram um balde de água fria e que se forçaram ao silêncio prolongado, podiam agora festejar. De Hugo Soares a Margarida Balseiro Lopes, passando por Pedro Alves, António Leitão Amaro, Pedro Reis, Luís Campos Ferreira ou Pedro Duarte, muitos deles rostos que o PSD se habituara a ver no passismo, mas que se desabituara a ver entretanto, estavam de volta. E vieram para ficar. Até quando? Essa é a luta que se segue.

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