Eleito líder com mais de 70% dos votos, Montenegro promete unidade - não só com apoiantes de Jorge Moreira da Silva como com Rui Rio, com quem vai ter de coabitar um mês. E no momento em que ganha o partido, vira-se logo para "os portugueses"
Esperou que Jorge Moreira da Silva falasse, esperou que a final da Liga dos Campeões terminasse e, finalmente, pelas 22h30, Luís Montenegro desceu ao piso térreo do hotel Solverde, em Espinho, para fazer o discurso da vitória por que tanto esperou. Há dois anos, em Lisboa, tinha assumido a derrota (mesmo com 47% dos votos) deixando em aberto a possibilidade de voltar: a sua morte política, na altura, era "manifestamente exagerada". Esperou dois anos pelo momento certo e nem por acaso, escolheu desta vez a sua cidade natal para palco da vitória.
E não foi uma vitória qualquer. "Nem vale a pena fazerem contas", disse a dada altura na sua intervenção: não só teve a maior percentagem de votos do que qualquer líder do PSD eleito num contexto de duelo interno, como ganhou com mais votos líquidos do que Rui Rio ganhou nas duas últimas eleições (só quando Rio concorreu contra Santana Lopes fez melhor, com um total de 22.728 votos). Mesmo com uma abstenção senão recorde, quase, de 40%, e um universo eleitoral de apenas 27 mil votantes, Luís Montenegro sublinhou várias vezes a votação "expressiva" que os militantes lhe deram.
Foram 19.225 votos, 72,45% do total, contra os apenas 7.304 votos de Moreira da Silva, que equivale a apenas 27,53% dos votos. Foi uma vitória esmagadora de Luís Montenegro em todos os distritos e estruturas regionais: não falhou uma (apenas no círculo Fora da Europa, onde só 18 militantes votaram, a divisão ficou equitativa: 9 para cada). Números que serviram para deixar um retrato de "grande mobilização no PSD", contrariando a ideia de partido adormecido, e para sacudir a sua responsabilidade na falta de comparência dos militantes às urnas.
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