Sem ondas, sem surpresas, sem grandes alterações. O Orçamento do Estado (OE) que abriu a crise política do final do ano passado foi finalmente aprovado, agora sob o signo de um PS de maioria absoluta, que todos os deputados socialistas e membros do Governo fazem questão de dizer que será também uma maioria de “diálogo”, “pontes”, “humildade”. O que não significa que não seja uma maioria pronta a refrear os entusiasmos da oposição.
Aos pedidos de mais salários, mais pensões, menos IVA, menos impostos, tudo como forma de conter o efeito da inflação, o PS diz que é necessária “prudência”. Ou, nas palavras do líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, é tempo de “apoiar quem mais precisa, mas sem embarcar em rotas aventureiras”.
Acusado de apenas aprovar medidas simbólicas e sem impacto orçamental, para criar uma "ilusão" de diálogo, o ministro das Finanças, Fernando Medina, virou a página da geringonça de forma cáustica: “Todos os que quiseram dialogar encontraram aqui uma porta aberta.” Sem os antigos parceiros da esquerda e sem estar dependente de ninguém, o ministro das Finanças deixou claro que, agora, é altura de “recuperar o tempo perdido” e começar uma “nova fase de reformas transformadoras”. Orçamento novo, vida nova. Desta vez com maioria absoluta e dois (ou três) novos parceiros disponíveis para dialogar.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jdcorreia@expresso.impresa.pt