Carlos César manifesta "perplexidade" com presidente da Câmara de Setúbal
Presidente do PS considera que o caso dos ucranianos de Setúbal está a ser instrumentalizado devido à situação de campanha para as eleições diretas do PSD
Presidente do PS considera que o caso dos ucranianos de Setúbal está a ser instrumentalizado devido à situação de campanha para as eleições diretas do PSD
O presidente do PS criticou o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, por ter colocado um russo no acolhimento de refugiados ucranianos e sugeriu que este tema está a ser instrumentalizado para "guerras internas no PSD". Estas posições foram transmitidas por Carlos César à comunicação social no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma audiência ao PS pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve esta segunda-feira a receber os oito partidos com assento parlamentar.
"Não subordinemos a necessidade de saber o que se passou às guerras internas no PSD ou a guerras de protagonismo entre os diferentes partidos políticos. O que está em causa é saber-se o que se passou e, sabendo o que se passou, prevenir situações próximas e futuros. O empenhamento do PS nesta matéria é um empenhamento inequívoco, não há dúvidas sobre o comportamento do PS em relação a temas como este", afirmou o socialista.
O presidente do PS tinha sido questionado sobre a proposta lançada pelo candidato à liderança do PSD Luís Montenegro de se constituir uma comissão de inquérito parlamentar ao acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal e sobre as críticas que a oposição tem feito à maioria socialista por ter rejeitado audições parlamentares sobre este caso.
Na resposta, Carlos César contrapôs que "o PS aprovou um conjunto de cerca de uma dezena de audições", sobre este tema, "entre os quais, de resto, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, que é, aliás, também dependente do primeiro-ministro", assinalou, defendendo que "é importante que este esforço de esclarecimento seja feito".
Dirigindo-se à jornalista que lhe fez esta pergunta, o presidente do PS criticou o autarca de Setúbal André Martins, da CDU, declarando que lhe suscita "alguma perplexidade quando um presidente de câmara municipal acolhe um russo nos seus serviços para prestar apoio a um ucraniano, numa altura em que existe o conflito que existe, e sem acautelar quais as ligações dessa pessoa".
"Uma coisa é certa: se a senhora acha que o presidente da Câmara de Setúbal não conhecia a pessoa a quem incumbiu para o acolhimento e interrogatório dos refugiados, bem, a ingenuidade não é minha", acrescentou Carlos César.
Segundo o presidente do PS, "independentemente dessa perplexidade e da necessidade de tudo isso ser investigado, aquilo que é importante saber-se é que Portugal é hoje um país elogiado por instituições europeias na sua capacidade de acolhimento e de integração dos refugiados".
"Entre 36 mil refugiados, certamente este caso, como eventualmente outros que possam ocorrer, são episódios que não constituem a marca de acolhimento no nosso país de pessoas refugiadas", considerou.
Relativamente aos "relatórios dos serviços de informações", Carlos César referiu que desconhece o seu conteúdo e por isso não pode pronunciar-se sobre essa matéria, acrescentando: "Mas certamente que o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, que será ouvido em comissão parlamentar, poderá fazer o esclarecimento que é necessário sobre esse e sobre outros temas".
O presidente do PS apelou à unidade no plano europeu quanto às medidas adotadas na sequência desta invasão, "no âmbito da adoção de políticas de sanções, de embargo, de apoio humanitário, de apoio ao esforço de guerra, e no âmbito de fazer um acordo de associação à União Europeia da Ucrânia".
"É fundamental que todos esses passos sejam dados com firmeza, por um lado, mas também congregando e garantindo a unidade dos países europeus", reforçou Carlos César, sustentando que em "cada uma dessas decisões" deve haver "o diálogo, a conformidade e a procura de consensos entre os países maiores e menores, mais próximos de Leste ou mais a Ocidente".
O Presidente da República ouviu esta segunda-feira todos os partidos com assento parlamentar. O objetivo das audições era falar sobre Orçamento do Estado, que está na especialidade, mas boa parte dos partidos falaram à saída sobre o caso dos ucranianos recebidos por russos em Setúbal.
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