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Política

Como a NATO ostracizou Portugal após a Revolução de Abril

Como a NATO ostracizou Portugal após a Revolução de Abril
KENZO TRIBOUILLARD/Getty

O receio de um regime comunista no bloco ocidental levou a Aliança Atlântica a barrar o acesso de Lisboa a alguns documentos e encontros. Antes disso, a NATO convivera bem com o Portugal da ditadura por este ser “fortemente anticomunista”

Como a NATO ostracizou Portugal após a Revolução de Abril

Hélder Gomes

Jornalista

A Revolução de 25 de Abril de 1974 representou “uma dor de cabeça” para os americanos e, em particular, para Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, mas também para a União Soviética. A tese é defendida por Rui Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e professor na mesma área em Birkbeck — Universidade de Londres. O investigador começa por desmontar ao Expresso a ideia de que o Estado Novo estava orgulhosamente só. “Pelo contrário, estava completamente integrado na ordem internacional e é até, em parte, fundador dessa ordem internacional”, sublinha, ou não tivesse Portugal sido um membro fundador da NATO. E acrescenta: “Naquele ano e meio de revolução é que parece que Portugal entrou numa rota contra o momento histórico e a ordem internacional.”

Apesar das “críticas ocasionais” de alguns Estados-membros, a verdade é que a Aliança Atlântica “conviveu sem problemas” com o Portugal da ditadura. No preâmbulo do seu tratado, a NATO destaca os valores da liberdade e democracia, mas acabava por ser “uma aliança para conter a expansão do comunismo”. Ainda que o Estado Novo não comungasse dos valores inscritos no tratado, “partilhava a lógica geoestratégica da NATO” por ser “um regime fortemente anticomunista”. Quando se dá a revolução, a coisa muda de figura. Kissinger manifesta várias preocupações, a começar pelo facto de as Forças Armadas Portuguesas serem “cada vez mais alinhadas à esquerda”.

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