De 2019 a 2022, um terço dos eleitores mudou de sentido de voto e isso foi suficiente para uma viragem política absoluta. E de onde chegou a maioria absoluta socialista? Sobretudo dos eleitores do BE, mas também de apoiantes da CDU e de quem tinha votado em Rui Rio nas anteriores legislativas. Se os votos conquistados ao BE superam largamente os que o PS perdeu para o mesmo partido, no caso do PSD as transferências mútuas acabam por praticamente se anular. Mas, surpreendentemente, a maioria socialista também nasceu de quem se tinha abstido de votar em 2019 — “o PS perdeu para a abstenção, mas essas perdas foram mais do que compensadas pelos votos que foi buscar aos anteriores abstencionistas”, conclui o relatório do estudo pós-eleitoral realizado pelo ICS e ICSTE para o Expresso e para a SIC.
No caso dos sociais-democratas, a derrota de janeiro só não foi maior porque Rui Rio conseguiu ir ganhar votos de antigos abstencionistas, mas também e sobretudo de ex-eleitores do CDS, partido que perdeu a representação parlamentar pela primeira vez na história da democracia nacional e que viu os seus votos serem entregues ao PSD e aos votos brancos e nulos nestas eleições — bem mais, por exemplo, do que ao Chega ou à Iniciativa Liberal (IL), mostra o estudo pós-eleitoral. No sentido inverso, a IL foi quem mais ganhou votos de eleitores sociais-democratas, também dos abstencionistas e, surpresa, também votos antigos do BE.
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