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Faltam equipamentos para combater terrorismo em Cabo Delgado. Marcelo diz que “é um problema de entrega”

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta militares durante uma visita à Companhia de Fuzileiros Independente – EUTM, em Katembe, Moçambique
Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta militares durante uma visita à Companhia de Fuzileiros Independente – EUTM, em Katembe, Moçambique
JOSÉ COELHO

Presidente da República visitou unidades de treino de fuzileiros moçambicanos e voltou a garantir empenho de Portugal e da União Europeia no combate ao terrorismo em Moçambique

Eunice Lourenço, em Maputo

Editora de política

Há um novo grupo de militares moçambicanos da Força de Reação Rápida, formada pela missão da União Europeia em Moçambique, prontos a ir para Norte, para Cabo Delgado combater o terrorismo que tem destabilizado aquela região desde 2017. Mas faltam capacetes, coletes, fardamento botas. O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, garante que já foi aprovada essa primeira fatia de equipamento. “Agora é um problema de entrega”, disse Marcelo Rebelo de Sousa que dedicou a manhã de sábado à visita de unidades de treino onde colaboram militares portugueses.

O Presidente começou o dia no centro militar de treino da Companhia de Fuzileiros em Katembe, onde Portugal colabora no âmbito da cooperação militar bilateral. Depois seguiu para a Companhia de Fuzileiros Independente, onde funciona o centro de treinos dos militares (fuzileiros já formados) para a Quick Reation Force (QRF). Assistiu a um exercício de “demonstração de capacidades” com os militares a simularem o ataque a uma “aldeia controlada por um grupo insurgente”.

No centro de treinos, além dos 63 formadores portugueses estão militares da Espanha, Finlândia, Bélgica, Áustria, Estónia, e França. Talvez por isso, o Presidente português tenha tentado fazer um discurso bilingue, em português e inglês, fazendo de tradutor em simultâneo de si próprio.

“Senti-me muito, muito honrado pela intervenção da União Europeia e, em particular pela intervenção portuguesa”, que tem permitido “criar uma força especial, nomeadamente por causa da situação em Cabo Delgado”, disse Marcelo, já em declarações aos jornalistas. O chefe de Estado, na sua qualidade de comandante supremos das Forças Armadas manifestou-se mesmo muito agradado como “ciclos tão curtos de formação conseguem ter resultados que se podem dizer excecionais”. Os ciclos curtos, no que diz respeito, aos militares portugueses devem ser de quatro meses. Contudo, não é certo. Há militares que estão em Maputo há mais de cinco meses.

O Presidente português considera que a situação em Cabo Delgado entrou “numa nova fase” com a intervenção de forças do Ruanda e de Angola no âmbito da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e com a formação dada pela equipa da UE. “Há realidades europeias e africanas que se conjugam”, acredita Marcelo, defendendo que, no futuro, “a capacidade de resposta deve ter como protagonistas as Forças Armadas de Moçambique”.

Para ajudar a essa capacidade são, contudo, necessários equipamentos, como os responsáveis moçambicanos têm vindo a dizer nesta visita. O Presidente português diz que a primeira fase de “armamento” deve chegar dentro de “semanas, um mês, um mês e meio”. Depois, virá um hospital de campanha para ser usado em Cabo Delgado. “Implica Intervenção no terreno”, disse o Presidente, que primeiro falou em “armamento”, depois em “armamento no sentido mais amplo do tempo”, mas quereria dizer “equipamento para o treino”, no qual se inclui também “carros militares ligeiros”.

E, mais uma vez, deixou o compromisso de que Portugal, a União Europeia e mesmo a comunidade internacional não vão esquecer o que se passa em Moçambique. “Para Portugal vai continuar a ser uma prioridade como tem sido”, garantiu Marcelo Rebelo de Sousa, que espera conseguir ir a Cabo Delgado numa próxima visita a Moçambique.

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