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Marcelo inaugurou um hotel, aconselhou dialogos com elefantes e renunciou a um mergulho no Índico. “Custa muito ser Presidente”

Marcelo inaugurou um hotel, aconselhou dialogos com elefantes e renunciou a um mergulho no Índico. “Custa muito ser Presidente”

Presidente da República diz que nenhum outro país lhe tira o “feitiço” de Moçambique. E promete voltar em agosto

Não, Marcelo Rebelo de Sousa não veio a Moçambique inaugurar um hotel. O Presidente português veio dar o seu apoio a um “eco resort” na Reserva Especial de Maputo, um investimento de 9 milhões de euros feito em parceria entre o grupo português Visabeira e o Estado moçambicano.


Na manhã deste segundo dia de visita, o PR teve um encontro com a presidente do Parlamento e ao fim da tarde vai à Universidade Eduardo Mondlane celebrar os 30 anos de parceria com a sua Faculdade de Direito de Lisboa. O grosso do dia foi passado no Milibangalala Bay Eco Resort, que inaugurou com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi.

Chegaram de helicóptero, visitaram três das 20 villas, almoçaram com vista para a praia e, apesar da autorização de Nyusi, Marcelo renunciou dar um mergulho nas ondas quentes do Índico.


Tudo faz parte do “feitiço de Moçambique” de que o Presidente diz que não se consegue livrar. “Tenho viajado pelo mundo, mas o feitiço de Moçambique não sai da minha alma”, disse na cerimónia de inauguração que esteve adiada dois anos por causa da pandemia e de dificuldades de agenda.


“Em Moçambique nunca é tarde de mais, portanto não é tarde demais para inaugurar o que devíamos ter inaugurado há dois anos”, defendeu o presidente que adiou esta visita quatro vezes.
O empreeendimento, que tardou dois anos a entrar em funcionamento por causa da pandemia, não é só um hotel. Ambiciona “ser uma referência no turismo da África Austral”, como disse o jovem administrador da Visabeira; “um investimento que vai, certamente, impulsionar o turismo” no país, acredita a ministra da Cultura e do Turismo; um estímulo à economia local porque vai usar as cebolas, as alfaces e os tomates produzidos ali à volta, como enunciou o Presidente Nyusi, para quem este é um “momento crucial” para um sector que finalmente abriu neste país depois de dois anos de fronteiras praticamente fechadas.


Para Marcelo, é um sinal de futuro deste país. ”Moçambique tem futuro” repetiu várias vezes num discurso de improviso em que aconselhou a visita à Reserva Especial de Maputo para “dar uma escapada até este empreendimento para um mergulho nas águas, um diálogo com o elefante, para uma troca de impressões com a girafa, para um ou outro momento mais romântico com os pássaros e para aqueles que são muito marítimos também com os peixes do mar”. Mas o “mergulho nas águas” de que o Presidente tanto gosta desta vez teve de ficar suspenso. Nyusi ainda o colocou à vontade para ir, quando disse no discurso que havia fatos de banho à disposição.


Depois de um almoço com vista para o Índico, mesmo ali a seus pés, Marcelo ainda deixou o Presidente moçambicano à mesa e desceu até à praia com a ministra da Cultura. De fato e gravata, molhou as mãos e a cara. Enquanto voltava a subir para junto do protocolo, disse que conta voltar em agosto, quando vier a Moçambique para uma visita mais ao Norte que vai incluir a nova catedral de Quelimane. Nessa ocasião, espera guardar um dia para voltar a Milibangalala. Dessa vez mal almoça, toma só um Fortymel e vai dar todos os mergulhos a que renunciou esta sexta-feira. “Custa muito ser Presidente” desabafou ainda antes de se juntar à comitiva oficial

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