Política

O candidato do Chega a vice-presidente da AR militou na direita armada do MDLP no pós-25 de abril

O candidato do Chega a vice-presidente da AR militou na direita armada do MDLP no pós-25 de abril

Diogo Pacheco de Amorim é o escolhido por André Ventura para vice-presidente da Assembleia da República. No currículo tem a sigla do CDS, do Nova Democracia e do MDLP

André Ventura anunciou hoje o candidato do Chega à vice-presidência da Assembleia da República, Diogo Pacheco de Amorim, desafiando os outros partidos a eleger o seu nome: “Em democracia não pode haver partidos filhos e enteados”, disse Ventura na declaração em que reafirmou que “cabe aos quatro maiores grupos parlamentares indicar o nome dos vice-presidentes” e que o “Chega é a terceira maior força política nacional”. Para ser vice-presidente da AR, Pacheco de Amorim precisa convencer 116 deputados a votar favoravelmente o seu nome, uma vez que se trata de uma eleição e não de uma nomeação.

O escolhido é Diogo Pacheco de Amorim, eleito pelo Porto e o principal ideólogo do Chega. Com 72 anos, é o deputado mais velho do partido, tendo no currículo passagens pelo CDS-PP, onde foi assessor de Diogo Freitas do Amaral e chefe de gabinete de Manuel Monteiro, mas também do Nova Democracia de Monteiro, cujo programa original escreveu e que acabaria por ser replicado no Chega anos mais tarde.

Esta é a versão curta do currículo, que incluiu outras passagens menos pacíficas. Pacheco de Amorim é neto de um monárquico íntimo de Salazar, sobrinho do fundador dos extremistas do Partido do Progresso no pós-25 Abril, militou na direita armada do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) liderado por Spínola, que entre meados de 1975 e Abril de 1977 é suspeito de ter provocado cerca de 600 atentados e acções violentas, fazendo explodir automóveis, casas e escritórios de quem era conotado com a esquerda comunista – incluindo sedes do PCP. Alguns membros do MDLP foram suspeitos de vários atentados bombistas que resultaram na morte de múltiplos inocentes, entre eles o Padre Max, e foram detidos pela Polícia Judiciária.

De acordo com um perfil, publicado na Visão, define-se como conservador-liberal, defende que o Estado só deve existir onde e quando o setor privado não queira estar, defendeu por exemplo a extinção do Ministério da Educação, “uma tecnoestrutura blindada pelo PCP e BE, impossível de ser penetrada e reformada por qualquer ministro”.

Recorde-se que a eleição da presidência da Assembleia da República é feita pelos deputados, individualmente e em voto secreto, e que a maioria parlamentar de esquerda dificilmente aprovará um candidato do Chega.

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