Rui Moreira reagiu, esta quinta-feira, à notícia do Jornal de Notícias que avança que a TAP só transporta um em cada 10 passageiros a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, muito atrás das operadoras low-cost Ryanair e da easyJet em números de voos. “A TAP representa apenas 10% dos voos a partir do Porto. Não é uma empresa de bandeira, é uma empresa que tem o seu hub em Lisboa e, portanto, não tem nenhuma utilidade para a cidade, pelo contrário”, adverte o autarca independente, no site da Câmara do Porto.
Os dados revelados pelo JN não o surpreendem, antes confirmam as críticas que vem fazendo há anos sobre a “irrelevância” da estratégia da TAP, a par de instituições da região, como a Associação Comercial do Porto e o Turismo do Porto e Norte de Portugal. “A centralização do hub em Lisboa faz parte da estratégia do Governo para a TAP, por muito que o Governo o esconda”, refere Rui Moreira, que alega que a TAP é a última companhia imperial, cuja única estratégia é ser uma companhia “assumidamente de Lisboa”.
“Não gostamos é de pagar a fatura disso, e exigimos para a região um conjunto de recursos necessários para atrairmos outras companhias aéreas”, defende o presidente da câmara do Porto. O JN avança que dos 385 voos operados esta terça-feira no aeroporto de Lisboa, 146 eram da TAP, enquanto no Porto a companhia resgatada pelo Estado disponibilizou 16 de um total de 142 voos.
“Isto não nos admira, não queremos cá a TAP, é melhor que não venha”, atira ainda o autarca, que preconiza que se a TAP é apenas relevante para Lisboa, não faz sentido o resto do país estar a “pagar a fatura disso”. Segundo Rui Moreira, a ligação Porto-Lisboa está cada vez pior: “É curioso que há pouco tráfego aéreo, mas os atrasos, e perdas de malas fazem com que com cada vez mais portuenses, quando não vão viajar diretamente, prefiram escolher outros hubs, como Madrid ou Frankfurt”, nota.
O autarca avança que irá exigir ao Governo recursos para a região atrair voos diretos, entre os quais intercontinentais, como antes da pandemia, apontando ser importante ter de novo a Emirates a voar do Porto, além do aumento de liagções da Trurkish, da United Airlines, British Airways e KLM..
A compensação poderá ser canalizada em apoios via Turismo de Portugal, sublinhando Moreira que a Área Metropolitana do Porto deve concentrar-se a fazer a exigência ao Governo, lembrando que a maioria dos autarcas do Grande Porto são do PS.
Ao JN, Ricardo Valente, vereador independente com o pelouro da Economia e Turismo, questionou o que é o interesse nacional: “O que é o interesse público? Acaba em Lisboa, não acontece no Porto? E em Faro? E no Funchal?”.
Em Julho, o executivo municipal da Câmara do Porto enviou uma exposição aos deputados da Assembleia da República eleitos pelo círculo do Porto sobre o desinvestimento da TAP na região Norte, reivindicando contrapartidas de compensação e a sua inscrição no Orçamento do Estado de verbas para equilibrar os efeitos da centralização de voos na capital em detrimento dos restantes aeroportos do país. O documento enviado ao parlamento contou então com os votos contra dos vereadores do PS e da CDU.
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