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Vice-presidente do Chega: “É evidente que depois é tudo negociável”

Em público, Ventura recusa acordos. Nos bastidores destacam-se os pontos em comum com parceiros da direita parlamentar
Em público, Ventura recusa acordos. Nos bastidores destacam-se os pontos em comum com parceiros da direita parlamentar
Ana Baião

Vice-presidente diz que exigências de Ventura não são “posição fechada”. Relação com PSD “em stand by”

Vice-presidente do Chega: “É evidente que depois é tudo negociável”

Hélder Gomes

Jornalista

Quando o presidente do partido dá “instruções” para que se feche uma porta, um dos seus vice-presidentes mantém todas as janelas abertas. A ameaça de uma crise política nos Açores, decretada a partir de Lisboa, reforçou junto dos restantes partidos a ideia de que o Chega não é exatamente sinónimo de estabilidade governativa. Encenada ou não, a turbulência no arquipélago provocada por André Ventura durou ‘apenas’ uma semana, mas poderá ter efeitos duradouros. Rui Rio, que este sábado disputa a liderança do PSD com Paulo Rangel, apressou-se a apelar ao voto útil no seu partido nas eleições legislativas de 30 de janeiro. “À primeira oportunidade criam logo instabilidade”, justificou. No entanto, em aparente contramão com o seu líder, António Tânger Corrêa, vice-presidente do Chega, mantém os canais abertos com todos os partidos da direita parlamentar. “Com certeza” que Rio ou Rangel vão querer sentar-se à mesa com o Chega após as eleições, afiança ao Expresso.

Foi em retaliação à recusa manifestada por Rio de um entendimento pós-eleitoral com o Chega que Ventura fez a sua declaração de guerra por procuração. E “recomendou” ao deputado açoriano que lhe resta (elegeu dois) que retirasse o apoio parlamentar do partido ao governo regional liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro. José Pacheco, que, segundo Ventura, deveria começar por romper com um voto contra no orçamento dos Açores, não o fez e segurou o executivo. Também a certidão de óbito do acordo de incidência parlamentar, que o Chega Açores assinou com os três partidos da coligação governativa (PSD, CDS e PPM), foi passada a partir de Lisboa. “A minha experiência nos Balcãs é extraordinária. Assim que se assinava um acordo, quando se saía da sala já se sabia que o acordo estava morto”, relativiza Tânger Corrêa, que teve uma carreira diplomática de quatro décadas. No caso açoriano, contudo, não se tratou de um nado-morto, tendo o acordo vigorado durante um ano antes de Ventura lhe decretar a morte.

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