O Presidente da República rejeitou hoje que a disseminação da mais recente variante do coronavírus em Angola seja um fator de preocupação, sustentando que o país tem desde o início da pandemia uma política de contenção rigorosa.
Interrogado pelos jornalistas, em Luanda, sobre se estava preocupado com a estirpe descoberta recentemente na África do Sul, denominada Omicron e cujo o elevado número de mutações pode, segundo a OMS, implicar maior infecciosidade, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu afirmativamente, acrescentando: "mas não aqui, em Angola".
O Presidente da República está em Luanda este sábado e no domingo para participar na Bienal de Luanda 2021 — Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz. O programa da visita também inclui uma visita a um dos maiores centros de vacinação da capital angolana.
"Em Angola houve sempre, felizmente, uma política muito cuidadosa. Logo que cheguei, fiz o meu teste e tive o resultado a seguir. Houve sempre uma política muito cuidadosa quanto a entradas e saídas do território e quanto a testagem", declarou, acrescentando que Portugal também está "a contribuir".
O chefe de Estado disse que durante esta tarde também vai "formalmente entregar 200 mil vacinas" e que através da COVAX, o programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para distribuição de vacinas, "virão mais 1.300.000". No total, sustentou, Portugal vai contribuir com "mais de dois milhões e meio" de doses. Por isso, "Angola não tem tido os problemas de outros países africanos".
Interrogado sobre se considera que o executivo de Luanda vai encerrar as fronteiras a passageiros provenientes de, por exemplo, Moçambique e África do Sul, à semelhança da decisão tomada na sexta-feira por vários países, o Presidente da República disse que "depende de país para país" e reforçou que Angola vive um momento diferente.
PR recusa associar visita às presidenciais de Angola
"Venho [a Luanda] convidado pelo Presidente da República de Angola e venho para uma reunião que é multilateral", disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, minutos antes de seguir para a Bienal de Luanda 2021 - 2021 - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz.
O Presidente da República tinha sido questionado sobre se haveria encontros partidários, uma vez que a visita que realiza antecede os congressos da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), de 2 a 04 de dezembro, e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), entre 9 e 11 de dezembro.
No programa do Presidente da República está um encontro com o homólogo angolano, João Lourenço. O chefe de Estado português admitiu, porém, que "é possível que haja, no meio da reunião, oportunidade de trocar algumas impressões" sobre o sufrágio do próximo ano em Angola.
No entanto, "não é, propriamente, um encontro específico" e Marcelo Rebelo de Sousa recusou a "introdução de qualquer fator de discriminação em qualquer período eleitoral".
"Não devo imiscuir-me na vida interna dos vários países (...). [A visita] foi uma coisa muito específica. Não tenho agendado isso, porque pensei que isso seria uma forma de intervir num período que é um período longo, mas é, obviamente, pré-eleitoral", sustentou.
Marcelo Rebelo de Sousa também visita hoje o Centro de Vacinação Paz Flor, em Luanda, e no domingo tem previstas visitas à Livraria Kiela, do escritor angolano Ondjaki, e à exposição "BOANDA - Cruzamentos artísticos entre Portugal e Angola 2020/2021, no Centro Cultural Português.
Entre a noite de hoje e até meio da tarde de domingo o Presidente português não tem agenda.
Interpelado pelos jornalistas sobre se este "buraco" na agenda estava relacionado com as eleições diretas no PSD, que também decorrem este fim de semana, o chefe de Estado disse que deixou a agenda em aberto porque aparecem sempre coisas novas e que em nada estava relacionado com a escolha do líder do partido do qual faz parte.
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