Paulo Rangel defende que o futuro líder do PSD tem de partir para as próximas eleições legislativas, ainda sem data marcada, “fortemente legitimado” pelos militantes nas urnas. Após o Conselho Nacional do partido ter aprovado as diretas para 4 de dezembro, proposta que vingou à revelia de Rui Rio que preconizou que se devia esperar pela luz verde ou chumbo do Orçamento do Estado, a candidatura afeta a Rangel pede agora que também o 39º Congresso de tomada de posse do futuro líder do PSD seja antecipado para 17,18 e 19 de dezembro, para permitir que o partido se organize e escolha a lista de deputados com algum tempo antes das Legislativas.
O desafiador de Rui Rio já tem assinaturas imprescindíveis para avançar com a convocatória de um Conselho Nacional Extraordinário, tendo como ponto principal a antecipação do Congresso de tomada de posse dos novos órgãos do partido para o fim de semana anterior ao natal, em vez de se realizar a 14, 15 e 16 de janeiro de 2022.
Se houver resistência por parte dos apoiantes afetos a Rio, as tropas do candidato adversário já têm munições para esgrimir junto de Paulo Mota Pinto, a quem cabe a marcação do Conselho Nacional Extraordinário. Entre os argumentos a acenar junto do líder da Mesa do Congresso do PSD, está o histórico de intervalos curtos que mediaram a realização de diretas no partido, como aconteceu em 2006, 2007 e ainda em 2010.
Logo nas primeiras eleições diretas do PSD, o candidato único Luís Marques Mendes foi eleito a 5 de maio de 2006, tendo o Congresso de posse ocorrido duas semanas depois, a 19 de maio.
No ano seguinte, a 28 de setembro, Luís Filipe Menezes desafiou e ganhou as eleições internas ao recandidato Marques Mendes, tendo o Congresso de consagração do novo eleito acontecido também com um intervalo de apenas 14 dias, a 12 de outubro.
Em 2010, o calendário de sucessão de Manuela Ferreira Leite na liderança do PSD também aconteceu de forma célere. As eleições diretas tiverem lugar a 26 de março e o Congresso eletivo dos novos órgão a 9, 10 e 11 de abril, sufrágio interno animado por quatro concorrentes: Pedro Passos Coelho, derrotado por Manuela Ferreira Leite em 2008, Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros. O agora candidato a líder 'laranja' ficaria em segundo lugar (34,44%), quase metade dos votos dos arrecadados pelo ex-primeiro-ministro (61,20%).
“Não só não é inédito os prazos curtos entre diretas e tomada de posse do eleito presidente, como nas atuais circunstâncias de crise política mais se justifica que não se perca tempo a clarificar a conjuntura interna do maior partido da oposição”, alega fonte próxima de Paulo Rangel, salientando que, se Rui Rio diz ser necessário “pensar primeiro no país”, deverá também ser “o primeiro interessado em querer robustecer e unir o partido” para o embate das Legislativas.
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