Se há quinze dias, Os Verdes (PEV) criticaram o silêncio do Governo e admitiram que o Orçamento era "para morrer", esta segunda-feira o partido confirmou o diagnóstico e o sentido de voto, juntando-se ao PCP, ao BE e à direita no chumbo ao documento na generalidade.
"Afirmámos logo, que tal como está, este OE não teria pernas para andar e que votaríamos contra. Mas acreditávamos que havia ainda tempo e condições para encontrar soluções que permitissem melhorar substancialmente o seu conteúdo. Agora, admitimos mesmo que há uma espécie de desistência por parte do Governo em procurar soluções", disse o líder parlamentar do PEV, José Luís Ferreira, em conferência de imprensa no Parlamento.
Afirmando que o Governo acolheu apenas uma das 15 propostas apresentadas pelo partido e mostrou abertura para acolher parcialmente outras duas, José Luís Ferreira considerou que o Orçamento do Estado para 2022 "está longe de responder aos problemas" do país.
As medidas do caderno de encargos do PEV apresentadas ao Executivo assentavam em cinco eixos: combate às alterações climáticas, limpeza do país, combate à pobreza, reforço dos serviços públicos e aposta na produção nacional. "Sobre o combate pobreza e a garantia de serviços públicos nem uma palavra", criticou. "O Governo não está a querer criar condições para negociar soluções. Acabou por não nos dar alternativa ao voto contra", sustentou, criticando ainda a resposta tardia do Executivo no domingo à noite, já depois da meia-noite.
Considerando que "sem a pressão da pandemia" e com menos restrições da União Europeia (UE), seria mais fácil garantir um Orçamento que respondesse aos problemas do país e dos portugueses, o líder parlamentar do PEV arrasou as opções do documento.
"É absolutamente incomprensível que – prevendo-se um crescimento de 5,5% –, esse crescimento não se refletir na garantia de mais qualidade de vida para os portugueses tanto a nível do poder de compra, como ao nível de melhores serviços públicos e melhores padrões ambientais. Não encontramos quaisquer justificações para o facto de a corrida ao défice continuar a ser o farol orientador", atacou.
Questionado sobre a disponibilidade do PEV para alterar o sentido de voto, José Luís Ferreira disse que ainda há tempo até à votação do OE2022 na generalidade, mas manifestou "muitas dúvidas" quanto à abertura do Governo. "Até ao lavar dos cestos é vindima", atirou.
Confrontado sobre um eventual cenário de eleições antecipadas, o líder parlamentar do PEV admitiu que quadro constitucional português aponta outras soluções: "Só teremos eleições se o Presidente da República e o Governo assim entenderem. Há outras soluções que não passam por eleições", garantindo, contudo, que o partido está preparado para esse "caminho" caso se venha a confirmar.
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