Rangel vs Rio: como se cruzaram as vidas do “leal colaborador” e do “revolucionário da ética”

Rangel chegou a escrever que Rio protagonizava uma “refundação ética da política”. História paralela de dois homens que nunca almoçaram sozinhos
Rangel chegou a escrever que Rio protagonizava uma “refundação ética da política”. História paralela de dois homens que nunca almoçaram sozinhos
Jornalista
Paulo Rangel não teve férias em agosto de 2001. Passou um mês a transformar 900 páginas de contributos num programa estruturado de 30 folhas, para servir um candidato que não imaginava ganhar: Rui Rio. O adversário: Fernando Gomes, o socialista ‘imbatível’ à Câmara do Porto. O jovem professor universitário, de 33 anos, tinha sido escolhido para relator do programa coordenado pelo ex-ministro Valente de Oliveira e por José Pedro Aguiar-Branco, compagnon de route de Rio desde a JSD. Em dezembro, Rui Fernando da Silva Rio, então com 44 anos, ganhava contra tudo e contra todos. Os dois homens que agora vão disputar a liderança do PSD, iniciavam então um caminho paralelo: Rio como figura nacional e Rangel a começar a crescer na órbita do PSD.
Antes de ser recrutado para a equipa, o académico — que militara no CDS entre 1996 e 1999 —, já fazia parte do Conselho Consultivo e de Opinião do PSD no Porto, apesar de não ser filiado no partido (a que havia de aderir em 2005, quando concorreu a deputado). Rio apreciava-o. Sabia-o jurista de qualidade e boa pena, erudito e uma figura em ascensão na cidade. Rangel admirava-lhe o rigor germânico, as contas certas e a atitude ética. Ambos falavam alemão. Tê-lo-á sondado para funções na câmara ou no gabinete, mas Rangel tinha a sua carreira académica e a sociedade de advogados — e percebia que, a médio prazo, podiam não ser compatíveis.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt