O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel saudou esta quinta-feira a recandidatura de Rui Rio, mas não hesitou em apontar o vazio deixado pelo atual líder em Bruxelas.
"Saúdo mesmo com grande alegria democrática. Julgo que, para o PSD e para o país, é sempre bom que haja alternativas democráticas e, portanto, os militantes do PSD, que são militantes livres, agora em liberdade têm pelo menos duas alternativas para escolher e isso acho que é muito positivo e saúdo muito o passo que vai ser dado", afirmou Paulo Rangel, em declarações aos jornalistas, em Bruxelas, à chegada à cimeira do Partido Popular Europeu (PPE).
Considerando que as eleições internas serão um "grande momento" para o PSD apresentar ao país as "suas conceções e de como quer ver o futuro nos próximos anos", Rangel saiu em defesa de duas "visões estratégicas" diferentes que se "confrontam no tempo certo".
Confrontado sobre a ausência de Rui Rio na capital belga, o vice-presidente do PPE fez questão de assinalar aquela que considera ser uma diferença face ao seu adversário. "Comigo, o PSD tem que estar no centro das questões europeias. Se o PSD não estiver no centro das questões europeias, estamos sempre a perder", atirou.
Depois de o primeiro-ministro ter admitido ontem, no Parlamento, que o modelo de leilão para a quinta geração de comunicações móveis (5G) "inventado pela Anacom" é o "pior possível", Rangel considerou que perante a volta de "180 graus" da posição de António Costa – que "responsabilizou exclusivamente" a Anacom –, a única hipótese para o Governo é demitir o Conselho de Administração da Autoridade Nacional de Comunicações.
"Estamos na cauda da Europa da digitalização e isso compromete o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Aquilo que eu digo aqui é que perante a Europa, terei que dizer que ninguém percebe qual é o papel de Portugal, e no Conselho Europeu, os primeiros-ministros que aqui estão não deixarão de interrogar o Governo português sobre esta matéria", observou, sublinhando, que a par de Portugal só a Lituânia está tão atrasada na UE a nível da rede 5G.
"Não é fazer uma espécie de escândalo à Galp dois, em pleno parlamento para depois não acontecer nada e continuarmos nós neste compasso de espera como os últimos e na cauda da Europa da digitalização", insistiu.
Sobre o preço dos combustíveis, Rangel atacou também o Governo de António Costa e frisou que a Comissão Europeia recomenda que se "mexa transitoriamente na fiscalidade", pedindo mais soluções ao Executivo.
"Ora, o Governo fez uma alteração de um cêntimo, que não representa nada e até já foi completamente ultrapassada pela própria dinâmica do mercado. A situação é altamente preocupante. O Governo tem nas suas mãos vários instrumentos para moderar os preços da energia e não está a querer usá-los", criticou.
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