Telmo Correia escreve a Chicão e acusa-o de "desconhecer" a lei e prejudicar o partido
Líder da bancada parlamentar comunica que Ana Rita Bessa será substituída por Miguel Arrobas da Silva, nadador olímpico. Mas deixa várias críticas - e uma aula de lei eleitoral da Assembleia - ao líder do partido. Em simultâneo, a Comissão Política da concelhia de Cascais acusa Francisco Rodrigues dos Santos de faltar à verdade
Depois das críticas de Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, sobre o processo de substituição de Ana Rita Bessa na bancada do partido, o líder parlamentar escreveu um comunicado devolvendo as críticas ao presidente centrista:
"O Presidente do Grupo Parlamentar não entra nem quer entrar em polémicas públicas com a Direção do Partido, até porque tem consciência do dano que isso causa à imagem externa do CDS. Não pode, no entanto, deixar de lamentar e por isso vem corrigir algumas afirmações que quer do ponto de vista factual, quer do ponto de vista da Lei, pouco informadas", escreve Telmo Correia - que há dois anos lidera a bancada, em permanente tensão com a direção que sucedeu a Assunção Cristas.
O comunicado segue por pontos, explicando ao líder porque está errado quando lamenta, em entrevista ao Expresso, ter sabido "pela comunicação social" do convite a Sebastião Bugalho para substituir a deputada (que acabou por não se concretizar): "O Líder Parlamentar teria sempre de seguir a ordem da lista eleitoral; o Presidente do GP não determina quem substitui e apenas contacta os elementos seguintes para saber se aceitam, o que foi feito e concluído hoje (sexta-feira); os dirigentes do partido que a propósito desta matéria resolveram aproveitar para atacar a liderança Parlamentar fizeram-no seguramente, ou por desconhecer a Lei e as suas obrigações imperativas, ou por não terem conhecimento dos factos. Em qualquer caso, o desconhecimento da Lei não aproveita a ninguém".
Quanto ao processo, Telmo esclarece que "a deputada Ana Rita Bessa comunicou a sua renúncia por carta entregue na Presidência do Partido no dia 13 de setembro", sublinha que soube "através de colaboradores próximos", que "o Senhor Presidente do CDS não pretendia envolver-se na substituição por considerar ser um assunto estritamente do Parlamento", acrescentando ter sabido, também, que o líder não respondeu às tentativas de contacto da ex-deputada.
Mas não acaba aqui. Telmo Correia sublinha que o que fez foi "seguir escrupulosamente o critério da Lei, aferindo da disponibilidade dos membros seguintes na lista eleitoral de 2019" e que "o Presidente do Grupo Parlamentar não faz convites para lugares de deputados, limita-se a cumprir os critérios da Lei."
Pelo comunicado, fica a saber-se também quem vai substituir, afinal, Ana Rita Bessa: "Será substituída pelo Sr. Dr. Miguel Arrobas da Silva", nadador olímpico, depois de várias recusas da lista centrista: dois elementos eleitos agora para a Câmara de Lisboa e um comentador da TVI.
Em simultâneo, a Comissão Política da concelhia de Cascais do partido vem "repudiar veementemente" as palavras do presidente do CDS relativamente ao concelho na entrevista ao Expresso. As declarações de Francisco Rodrigues dos Santos "demonstram falta de conhecimento sobre o concelho em que o CDS tem dois vereadores, eleitos em todas as juntas, o presidente da maior freguesia de Portugal e o presidente da Assembleia Municipal", refere em comunicado, que lembra que "há 30 anos não havia coligações em Cascais".
Questionado pelo Expresso sobre a advertência de Pedro Mota Soares, que diz que o CDS corre o risco de perder a marca, Francisco Rodrigues dos Santos responde com duas perguntas: "Mota Soares não está preocupado com a marca própria do CDS onde estamos coligados há mais de 30 anos? Ou só é bom ir coligado para garantir o lugar de presidente da Assembleia Municipal de Cascais?".
"No CDS não gostamos quando se instrumentalizam os nossos autarcas, especialmente, faltando à verdade. Pela nossa parte, por sabermos o que é defender as cores e a marca do CDS, repudiamos estas palavras, pedindo que não se instrumentalize a nossa CPC [Comissão Política Concelhia] e, sobretudo, o nosso concelho", remata o comunicado.