Nuno Melo pré-anuncia candidatura à liderança do CDS: “Quando o partido se encontra débil, o risco é grande”
PAULO NOVAIS
O eurodeputado enuncia no Facebook uma série de preocupações com o seu partido, designadamente a perda de votos e de representatividade para o Chega e a IL. E parte para o ataque: “Preocupa-me se qualquer direção do partido não se preocupar suficientemente com isto”
No final de uma longa publicação no Facebook, o eurodeputado do CDS Nuno Melo escreve esta sexta-feira que “dentro de dias” dará a conhecer publicamente a decisão que tomará no Congresso do partido. “Muito antes das eleições autárquicas fiz saber que a decisão que tomasse em relação ao próximo Congresso, a que apresentarei uma Moção de Estratégia Global, não dependeria dos resultados destas eleições, antes sim da avaliação que fizesse do estado geral do partido”, explica.
E a avaliação que faz é a de um partido “débil” saído das autárquicas de domingo. “Quando o partido se encontra débil, o risco é grande nos combates legislativos. Fazer de conta que os factos não são os que os números revelam não só não resolve os nossos problemas estratégicos estruturais, como evita que os superemos com coragem”, avalia. O eurodeputado também enuncia uma série de preocupações com o seu partido. E parte para o ataque: “Preocupa-me se qualquer direção do partido não se preocupar suficientemente com isto.” E “isto” é a perda de votos e de representatividade do CDS.
Mais: “Não podemos aceitar, menos desvalorizar, que as novas forças políticas à direita ocupem a relevância que nos coube sempre”, apela, referindo-se à perda de terreno do partido para o Chega e a Iniciativa Liberal (IL). Nuno Melo aponta ainda aquela que considera ser “uma das principais prioridades do CDS no futuro”, que deve passar pela “capacidade de inverter um processo que não só levou muitos antigos militantes e dirigentes do CDS a aceitar ser candidatos nas listas do Chega e da IL e através deles a levarem o Chega e também a IL, onde concorreram diretamente com o CDS, a uma posição eleitoral mais expressiva que o nosso partido”.
Também deve ser “motivo de reflexão” especial o facto de o CDS ter tido “votações residuais em parcelas muito significativas do território mais urbano, designadamente em muitos dos concelhos mais populosos”, defende. Estes são “particularmente importantes em eleições legislativas”, adverte, “numa tendência que se deve reconhecer não é de hoje, mas que se agravou”. O partido deve, aliás, “saber interpretar todo o quadro do processo autárquico, sem ilusões e com racionalidade”, tanto “nos aspetos positivos” que começa por referir no post, mas também nos “aspetos preocupantes”.
A materializar-se a sua candidatura, Nuno Melo defrontará o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, que deverá anunciar a sua recandidatura esta sexta-feira. O Congresso do CDS realiza-se no final de novembro ou início de dezembro.