Na cidade onde 13% da população vive em habitação social, a candidatura independente 'Aqui há Porto.' dedicou o final da tarde desta segunda-feira a percorrer os bairros de Paranhos, uma das duas freguesia que Rui Moreira nunca venceu. A outra é Campanhã, presidida por Ernesto Santos, mas à qual o autarca-recandidato, satisfeito com a colaboração mantida com o concorrente socialista ao longo do último mandato, optou por não apresentar candidato.
Em Paranhos a aposta é mais ambiciosa. “Não é uma questão de cobiça, mas para termos uma política integrada da cidade”, diz o autarca que vai a votos para um último mandato, frisando que para “cerzir a coesão do Porto são precisos líderes de freguesia que se articulem connosco”.
A resistência a que subtilmente alude Rui Moreira tem por protagonista Alberto Machado, deputado e líder a Distrital do PSD do Porto, que não se recandidata nas autárquicas por limitação de mandatos. O candidato a sucessor é Miguel Seabra, presidente da Concelhia local social-democrata, sucessão que, na ótica do independente, “assume um perfil russo de circulação de pessoas, com a passagem de testemunhos de presidentes aos seus vices.”
Numa zona da cidade “de muita habitação social e projetos em curso de parques na Asprela”, Rui Moreira defende que o desenvolvimento integrado torna-se difícil quando os líderes locais “são pessoas muito mais envolvidas nos jogos partidários e apologistas de projetos diferentes para o Porto”.
A primeira paragem de campanha foi no Bairro do Carriçal, recém-reabilitado e onde residem 570 pessoas. “Ficou bonito, sim senhor”, comenta Teresa Gonçalves, embora se queixe dos sucessivos aumentos de renda. “Antes pagava € 35, depois €63 e a partir de outubro vão ser quase € 90”, conta, lamentando-se que “é muito caro para quem recebe de pensão € 320 e € 200 da neta” que passou a morar consigo. “Ganha como auxiliar no São João o salário mínimo e tem a cargo a filha pequena, por isso não me pode dar mais”, refere Teresa, reclamação que Moreira responde não poder acudir, alegando que os ajustamentos das rendas “são feitos em função dos rendimentos do agregado familiar”.
A queixa da vizinha do bloco ao lado, Maria José, reformada, é que as obras na cobertura do prédio deixaram uma fissura que agora a fazer temer que, “vindo aí o inverno”, entre água ou humidade. À reclamação, o autarca vigente pede que o condomínio faça uma lista do que não ficou bem, para encaminhar para a fiscalização.
Pelo meio foi parando para selfies a pedido e ouvindo elogios à obra de reparação, que no caso do Bairro Agra do Amial já não acontecia desde o tempo de Rui Rio. E mesmo essas não deixaram boas recordações. “E mal, que o teto da minha casa ficou em pouco tempo tão escuro com o seu casaco, senhor presidente”, lembra Ana Maria, residente no bairro vai para 30 anos.
Paulo Silva, candidato independente à Junta de Paranhos, professor de Educação Física com mestrado em marketing e ligado ao associativismo local, lá foi distribuindo os panfletos informativos da praxe, apostado em combater o isolamento dos idosos, promover o desporto entre os mais novos, apoiar o comércio tradicional da freguesia e melhorar arruamentos e espaços verde
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