Em 1973, no primeiro ano de existência do Expresso, o jornal convidou Jorge Sampaio a vestir a pele de jornalista e ir em reportagem para a sede da Assembleia Nacional Popular, sucessora da União Nacional, o partido único do regime anterior ao 25 de Abril. Reproduzimos a reportagem do então advogado, publicada na edição de 6 de outubro de 1973
Entendi o dia 4 como forma de satisfazer a curiosidade possível. Um advogado virado jornalista por 24 horas pode permitir-se alguma anormalidade que a Política ou os despejos e divórcios não consentem.
De manhã passei pela sede da Acção Nacional Popular, ao Largo da Misericórdia. Por de mais imbuídos das aquisições ocidentais em matéria de campanhas, sempre valeria a pena ver quais os preparativos e a azáfama da nossa única associação cívica, como recentemente ouvi apelidá-la.
Cartazes enchiam as escadas publicitando as novas aquisições verbais da organização. Aqui e além, a face sorridente do Presidente do Conselho.
A dois funcionários-contínuos disse ao que ia: cidadão interessado, desejava obter impressos de propaganda, discursos e as bases programáticas para as eleições. Silêncio. Tive nessa altura de dar o nome. Responderam que não sabiam se haveria o pretendido. lam ver, talvez estivesse algum responsável.
À esquerda da entrada uma enorme fotocopiadora trabalhava incessantemente. Rodeada por funcionários.
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