Política

Marcelo: “Jorge Sampaio era um homem bom”

Marcelo: “Jorge Sampaio era um homem bom”
MÁRIO CRUZ/Lusa

Visivelmente tocado pela partida de Jorge Sampaio, o Presidente da República lembrou a "coragem" do político que trocou os privilégios pela luta mas homenageou, sobretudo, a dimensão do humanista. Sampaio foi, para Marcelo, "um grande senhor da nossa democracia". Mas foi mais do que isso - foi um "homem bom"

Marcelo: “Jorge Sampaio era um homem bom”

Ângela Silva

Jornalista

Foi com uma sentida homenagem a "um grande senhor da nossa democracia", que o Presidente da República falou ao país, a partir do Palácio de Belém, da morte de Jorge Sampaio. Marcelo Rebelo de Sousa evocou o político que "nasceu e se formou para ser um lutador e que tinha como causa da sua luta a liberdade e a igualdade", mas deu particular realce às qualidades humanistas do ex-Chefe de Estado que "provou que pode-se nascer privilegiado e converter a vida numa luta pelos não privilegiados".

"Podendo resignar-se ao caminho fácil" de "juristas respeitado", à "quietude da sua origem social" ou ao "natural ascendente da sua cultura", Jorge Sampaio "escolheu o caminho mais ingrato", afirmou o Presidente, convicto de que "ninguém esquecerá momentos únicos dessa sua entrega".

Os "momentos únicos" invocados por Marcelo Rebelo de Sousa lembraram "o furacão ruivo" das lutas estudantis em 62 na Alameda da Universidade de Lisboa, da libertação dos presos políticos em Caxias no pós 25 de abril, da conversa com Álvaro Cunhal antes da vitória de Mário Soares em 86, da "travessia em noites de vendaval" nos bairros de lata de Lisboa que conseguiu extinguir, das "noites sem dormir nesta casa por causa de Timor", da "oposição à guerra no Iraque", da "dedicação à saúde pública", e do "exemplar acolhimento aos refugiados sírios". Sem esquecer a forma como pôs de pé o grupo de Arraiolos, juntando todos os Chefes de Estado da União Europeia para refletirem os grandes desafios da Europa e do mundo. Ou a Cotec, que puxou pelas empresas e pela sua "responsabilidade social".

Para o Presidente da República, Jorge Sampaio foi sempre "um homem bom na partilha da alegria e da dor alheia". E foi sempre "sereno" na vida de luta que escolheu. "Sereno na sua luminosa inteligência, sereno na sua profunda sensibilidade, sereno na sua paciente mas profiada coragem".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu uma característica de Sampaio que ele próprio chama a si na Presidência da República: "a construção de pontes, décadas após décadas, no seu hemisfério político e para além dele".

Do Sampaio Presidente da câmara de Lisboa (que o derrotou a ele, Marcelo, nas autárquicas de 89) o PR homenageou a "campanha de uma rara visão estratégica" que levou Jorge Sampaio à vitória. Mas mais do que o político, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se tocado pela dimensão humana de quem soube "unir a força das convicções ao respeito por cada um". "Um grande senhor".

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