O conflito no topo da hierarquia militar já resultou numa demissão. O CEMA recorreu ao Presidente da República, que interveio na sombra, sem divulgar a reunião desta quinta-feira pedida com urgência
A primeira decisão tomada com base na nova arquitetura do comando superior das Forças Armadas está a gerar um conflito de tal forma tenso entre a Marinha e a Defesa que o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) se reuniu de urgência com o Presidente da República e comandante supremo, depois de desautorizado pelos superiores hierárquicos nos termos da nova legislação. O almirante Mendes Calado foi recebido ontem, quinta-feira, fora da agenda oficial, por Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência do veto do ministro da Defesa e do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) ao nome do contra-almirante Oliveira Silva proposto pelo ramo para comandante naval.
Para já, o clima de guerrilha no topo da hierarquia militar teve três efeitos: o contra-almirante Oliveira Silva, que era chefe de gabinete do CEMA, pediu para passar à reserva ao ver o seu nome rejeitado pelo ministro e pelo CEMGFA; com esta decisão, o Comando Naval, o mais importante da Marinha, que coordena todas as operações no mar, está a ser exercido de forma interina, desde agosto, pelo 2º comandante (o contra-almirante Antunes Rodrigues), porque senão estaria a ser liderado por um vice-almirante que no início de agosto passou à reserva por limite de idade; além disso, há um chefe militar fragilizado e em colisão frontal com o poder político e com um CEMGFA que viu os seus poderes reforçados no âmbito da nova legislação.
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