Política

Marcelo e a fuga do Afeganistão: “Quando há uma retirada assim, todas as soluções são más”

Marcelo e a fuga do Afeganistão: “Quando há uma retirada assim, todas as soluções são más”
TIAGO MIRANDA

Tem sido "muito difícil" e "todas as soluções são más". Presidente da República diz que Portugal "tem feito o que deve fazer", mas mostra-se pessimista: "O tempo é curtíssimo, a expetativa elevadíssima e nenhuma solução é boa"

Marcelo e a fuga do Afeganistão: “Quando há uma retirada assim, todas as soluções são más”

Ângela Silva

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou esta quinta-feira que terá sido o último Chefe de Estado a estar no Afeganistão e não esquece a sensação que teve em Cabul, onde visitou as tropas portuguesas, da enorme diferença entre "a teoria e a prática". Pouco otimista relativamente à retirada de cidadãos do país, o Presidente da República referiu "o tempo curtíssimo, a expetativa elevadíssima e a distância enorme" como fatores de grande incerteza quanto ao sucesso da operação de retirada de milhares de pessoas que querem fugir do poder talibã.

"Há um trabalho constante da parte da autoridades portuguesas mas a retirada tem sido muito difícil", afirmou o Presidente. Quando questionado sobre a disponibilidade portuguesa para acolher refugiados, Marcelo sublinhou que nem se tem a certeza "se conseguem chegar a Portugal" - "não há ligações diretas, há escalas, nesta fase de transição é tudo muito complicado".

Falando sobre a situação no Afeganistão durante as visitas que fez esta quinta-feira à abertura da Feira do Livro de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa tentou baixar as expetativas, alertando que "quando há uma retirada destas, não há soluções ótimas, nem muito boas, nem boas. Todas as soluções são más, é tentar que o sejam o menos possível".

"Estamos a falar de milhares de pessoas e mesmo grandes países não conseguiram retirar os seus cidadãos rapidamente", sublinhou o Presidente, considerando que Portugal "tem feito o que deve fazer, no âmbito da NATO e da União Europeia".

Questionado sobre a retirada de portugueses do país, Marcelo sublinhou que neste momento "não temos portugueses em terreno afegão", apenas os quatro militares "experientes" que estão a tentar ajudar à retirada de cidadãos no aeroporto de Cabul e considerou que os luso-afegãos que pediram ajuda a Portugal "ou já sairam ou estão quase a sair".

Sobre os afegãos que trabalharam com as forças da NATO - dos quais Portugal se dispôs a receber 116 - que terão encontrado dificuldades no acesso ao aeroporto, o Presidente não falou.

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