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Otelo Saraiva de Carvalho: “O homem que trouxe o povo para a Revolução”

Otelo Saraiva de Carvalho: “O homem que trouxe o povo para a Revolução”
Rui Ochoa

O ex-Presidente Ramalho Eanes disse ao Expresso que Portugal "deve a liberdade e a democracia" ao major Otelo, o militar que planeou o 25 de Abril de 1974, também conhecida por operação "Viragem Histórica" que acabou com o regime autoritário e com a guerra colonial. Um ano e meio depois, Otelo foi preso na sequência do golpe do 25 de Novembro. Saiu da cadeia, candidatou-se à Presidência e conquistou o segundo lugar com 16,46% dos votos. Voltou a ser preso por envolvimento nunca provado nos atentados das FP 25. Leia o retrato biográfico do major Otelo, que morreu no último domingo a pouco mais de um mês de completar 85 anos. O 'Óscar' do 25 de Abril era meticuloso, impetuoso, alegre, controverso, desmedido nas palavras, amigo dos seus amigos, admirado por uns e odiado por outros, um herói pouco consensual que viveu com paixão e pode ter morrido de tristeza

Otelo e Eanes conheceram-se na Guiné, foram amigos e adversários, partilharam o mesmo ardor e o mesmo amor pela liberdade, mesmo nos momentos em que a sua conceção de democracia divergiu. Eanes mandou prender Otelo no 25 de novembro de 1975, venceu-o nas eleições presidenciais de 1976, mas isso não o impediu de sentir profundamente a morte do camarada de armas e de ter falado na cerimónia de despedida do militar que planeou a operação do 25 de Abril depois dos dois filhos do à data da Revolução major Otelo, Paula e Sérgio, e antes do capitão/coronel Vasco Lourenço.

Eanes partilhou com o Expresso um voto para a memória do futuro: “[Gostaria que geração dos meus netos] percebesse que, tendo sido muitos os cidadãos, instituições e partidos que contribuíram para a fragilização do regime do Estado Novo, coube a Otelo a autoria e o ato último de libertação do país. E que, por isso, a ele, a Pátria deve a liberdade e a democracia. E esta é dívida histórica que nada, nem ninguém, tem o direito de recusar.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mgoucha@expresso.impresa.pt

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