António Oliveira acusa a máquina do PSD de Gaia de o tentar envolver nas "mais inacreditáveis negociatas de lugares e dar empregos aos beneficiários do rendimento mínimo da política". Ao longo de três meses, o antigo selecionador nacional queixa-se de ter sido sujeito a "pressões, intimidações e ameaças" e nunca ter pensado que a política e os partidos, quando se deixam apropriar por alguns, ainda que localmente, "pudessem descer a um nível tão baixo e miserável".
"Isto não é uma desistência, é uma questão de higiene, uma recusa de pôr os interesses de uns personagens à frente dos interesses dos 300 mil gaienses", salienta António Oliveira num duro comunicado após se ter reunido esta sexta-feira com Rui Rio, no Porto. O agora ex-candidato à Câmara de Gaia, que bateu com a porta com estrondo, avança que não vai nomear responsáveis, culpados ou traidores, mas o alvo principal das acusações é, ao que o Expresso apurou, Cancela de Moura, o líder da concelhia do PSD de Gaia.
A ex-glória portista lembra que foi convidado pessoalmente por Rui Rio mas diz que não conhece "este PSD" que em Gaia está prisioneiro de quem só lhe faz mal para "fazer bem a si próprio". Garante que nunca negociou, vacilou ou tremeu. "Hoje, com vergonha do que vi, com imensa dor de alma, tenho de dizer: não quero, não posso e não aceito continuar a encabeçar esta candidatura."
Oliveira afirma que Rui Rio não tem culpa do que se passou, defendendo que terá sido, como ele, uma vítima do aparelho e traído pela máquina. "Quase em exceção, estamos a falar de gente sem nome, sem mérito e sem profissão, que tudo faz por lugares, cargos e salamaleques", sublinha.
"Fazem política com base nos piores princípios da espécie humana", acusa António Oliveira, que recorda que se tornou militante do PPD em 1976 pela mão do seu então treinador José Maria Pedroto. "Um partido de valores, de causas e de gente séria e decente", frisa, advertindo que sempre viveu do seu trabalho e nunca precisou de um partido, concluindo acreditar que teria sido possível levar a cabo uma campanha vencedora.
O Expresso tentou - sem sucesso - contactar o coordenador autárquico José Silvano e ainda Alberto Machado, líder da distrital do Porto.
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