A Iniciativa Liberal (IL) condenou esta quinta-feira a alegada transmissão à Rússia de dados pessoais de ativistas russos residentes em Portugal e exigiu esclarecimentos à autarquia de Lisboa e ao Governo, na sequência da notícia avançada pelo Expresso.
"A entrega pela Câmara Municipal de Lisboa de dados pessoais de três participantes numa manifestação às autoridades russas constitui uma violação gravíssima de direitos individuais e de regras fundamentais das relações internacionais", afirma o partido de João Cotrim de Figueiredo em comunicado.
Falando num "acto de incúria grosseira", os 'liberais' entendem que a autarquia de Fernando Medina "destruiu qualquer confiança que pudesse existir" sobre o seu Executivo e "pôs em causa a segurança de três cidadãos", dois deles com nacionalidade portuguesa, tal como as suas respetivas famílias. E, por isso, exigem que o autarca socialista assuma as suas responsabilidades no caso e que seja "tornado público o resultado da averiguação interna" feita pela Câmara Municipal de Lisboa (CML).
"É profundamente lamentável que, face à gravidade da situação, a Câmara Municipal de Lisboa tenha tentado uma fuga desesperada às suas responsabilidades, procurando passar o ónus da cedência dos dados aos cidadãos que foram as vítimas de toda esta situação", acusa a IL.
Os 'liberais' pedem também esclarecimentos ao Governo, questionando se o Ministério de Augusto Santos Silva estava a par desta situação e se é "prática normal" a transmissão deste tipo de informações a outros Estados. "O Estado português tem a obrigação de garantir a segurança de todos os cidadãos e, no caso concreto, dos ativistas que transmitiram de boa-fé os seus dados, depositando total confiança nas autoridades portuguesas", sublinham ainda na nota.
PSD, CDS e BE também já lamentaram a situação e exigiram explicações a Medina. "Se o PS e Fernando Medina o fizeram não é grave, é gravíssimo. A ser verdade, teria de ter consequências consentâneas com uma atitude absolutamente inqualificável em democracia", escreveu Rui Rio no Twitter. Já Carlos Moedas pediu a demissão do Medina, seu adversário nas autárquicas: "a confirmar-se, Fernando Medina só tem uma saída: a demissão", afirmou na mesma rede social
Também Beatriz Gomes, candidata à câmara pelo Bloco, já reagiu: falou numa "inadmissível violação da lei" e pediu esclarecimentos a Medina. Já o CDS-PP apresentou um requerimento para a audição do presidente da Câmara de Lisboa no Parlamento.
Em causa está o alegado envio de nomes, moradas e contactos de três manifestantes russos que participaram numa manifestação, em janeiro, junto à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, um dos maiores opositores do regime de Vladimir Putin.
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