“Gravíssimo” e “inaceitável”. Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, voltou a reagir esta quinta-feira à notícia avançada pelo Expresso de que a autarquia liderada por Fernando Medina enviou à embaixada russa informações pessoais de ativistas que se manifestaram em Lisboa contra a prisão de Alexei Navalny, opositor do regime russo.
Em declarações aos jornalistas, Carlos Moedas sublinhou que, apesar de Medina ter pedido desculpa pelo “erro técnico”, não esclareceu em que outras ocasiões a CML levou a cabo um procedimento semelhante a este, que o Expresso noticiou esta quarta-feira. “A isso Fernando Medina não respondeu, e isso é muito grave”, afirmou o candidato do PSD, um dia depois de ter pedido a demissão de Medina - porque “erros técnicos têm responsabilidades políticas", declarou.
“Então aqueles que eu vou atacar recebem a minha informação e o meu [número de] telemóvel? Vou-me manifestar contra um regime e os meus dados são enviados para esse regime?”, questionou, sublinhando que este episódio “quer dizer que Portugal não respeita a dignidade da pessoa humana.” “É gravíssimo para a democracia”, acrescentou.
Também em Lisboa, a líder do Bloco de Esquerda defendeu o apuramento de responsabilidades em relação a este caso, mas não corroborou o pedido para que Fernando Medina abandonasse o cargo. “Talvez pedir a demissão a poucos meses das eleições seja mais um número de campanha eleitoral”, disse Catarina Martins.
Apontando que o autarca lisboeta já se disponibilizou a ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre o ocorrido, Catarina Martins disse que “Isto é muito grave e há muitas perguntas ainda sem resposta. A lei não determina que este tipo de partilha de dados deva acontecer”, considerou.
Assim, a líder bloquista quer saber se o procedimento, entretanto “alterado”, já se repetiu mais vezes, tanto em Lisboa como noutras autarquias do país. “É preciso perceber como isto pode acontecer, e se aconteceu noutras circunstâncias e autarquias além da de Lisboa”, disse, lembrando outras manifestações ocorridas na capital, por exemplo de apoio aos “presos políticos” em Angola ou na Catalunha.
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