Política

Stoltenberg elogia a capacidade da NATO projetar "poder marítimo". E abre escola de ciberdefesa em Oeiras

Anténio Costa e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, em Lisboa
Anténio Costa e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, em Lisboa
ANTONIO COTRIM

O secretário-geral da NATO está em Portugal e assiste amanhã a um exercício que mostra a capacidade da Aliança para "projetar poder marítimo numa era de competição geopolítica". Disse-o num país em que a Marinha só tem dois navios de combate a navegar (uma fragata e um submarino). E inaugurou. em Oeiras, uma escola para uma nova componente essencial da segurança: a ciberdefesa.

Stoltenberg elogia a capacidade da NATO projetar "poder marítimo". E abre escola de ciberdefesa em Oeiras

Vítor Matos

Jornalista

Faltavam apenas 20 minutos para a hora da reunião do Conselho de Estado – onde participaria a convite do Presidente da República -, quando Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, inaugurou a Academia de Comunicações e Sistema de Informação da Aliança Atlântica no comando da Aliança em Oeiras. “Já estão aqui a trabalhar algum tempo, tivemos de adiar a inauguração por causa da pandemia”, explicou, ao lado do primeiro-ministro, António Costa. O nome não é explícito, mas trata-se da nova escola de cibersegurança da NATO, com sede em Portugal, para formar os militares numa área cada vez mais fundamental na defesa a nível global.

António Costa diria depois tratar-se de “uma honra para Portugal acolher uma tão moderna e avançada estrutura de formação e treino”, que contribui para a “proteção e resiliência das infraestruturas críticas de que as sociedades modernas dependem” – e ainda havia de puxar pela aposta do Programa de Recuperação e Resiliência na transição digital. O primeiro-ministro ainda diria que este polo, apesar de vocacionado para pessoas da estrutura e do comando da NATO, “pode proporcionar oportunidades para estimulantes parcerias como a academia e as indústrias portuguesas”.

Poucas horas antes, Jens Stoltenberg tinha-se reunido com o primeiro-ministro em São Bento, para no fim do encontro condenar o regime da Bielorrússia e enfatizar a importância do poder naval da Aliança Atlântica.

Num momento em que a Marinha portuguesa atravessa problemas na manutenção e aprontamento dos navios de guerra, as fragatas - neste momento só está uma de cinco a navegar -, o secretário-geral da NATO sublinhou o facto de esta quinta-feira ir acompanhar um grande exercício naval Steadfast Defender 2021, que envolve mais de nove mil militares de 20 países aliados. “Isto demonstra a prontidão da NATO. E mostra a nossa capacidade para projetar poder marítimo numa era de competição geopolítica.”

Sobre a crise com a Bielorrússia, Stoltenberg disse apoiar as sanções da União Europeia e condenou “fortemente” a aterragem forçada em Minsk de um avião de passageiros – que “viajava de uma capital da NATO para outra” –, que pôs “em risco um largo número de cidadãos dos países Aliados”, sendo considerado um ataque do regime “aos direitos democráticos fundamentais e aos media independentes”. Também exigiu a libertação imediata dos presos políticos.

António Costa destacou a visita, a poucos dias de uma cimeira da NATO, “que marcará um novo impulso nas relações transatlânticas” e a participação do secretário-geral da NATO na reunião dos ministros da Defesa da União Europeia esta quinta-feira, uma vez que – apesar de nem todos os países da UE serem membros da NATO – “há ameaças que persistem como vimos a forma como a Bielorrússia, de forma inaceitável, intercetou um avião civil”. “Não podemos ignorar que as ameaças existem”, que a sul com o “terrorismo”, ou a leste, concluiu o primeiro-ministro, apesar dos problemas de pessoal e equipamento das Forças Armadas portuguesas.

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