Um dia depois de conhecer a decisão do Conselho de Jurisdição, que dispebsou de pena Rui Rio (face aos serviços prestados) e deixou uma "advertência" sobre o seu líder parlamentar, a Comissão Política do PSD tirou as suas conclusões: há uma guerra interna no partido e a direção perdeu a confiança política no seu 'tribunal interno'.
O comunicado emitido ao início da tarde desta quarta-feira não poupa nas palavras: houve "uma atuação parcial, persecutória com outros objetivos que não apenas os de pugnar pelo cumprimento dos estatutos do PSD", " esta atuação é causadora de um clima que prejudica objetivamente o foco que o partido deve ter nas Eleições Autárquicas", "foram seriamente agredidos os laços de confiança e lealdade que devem presidir ao relacionamento entre todos os órgãos nacionais do partido".
Considerando que o Conselho de Jurisdição - que foi eleito sem uma maioria de membros afetos ao atual líder - está em "definhamento jurídico e qualitativo", a direção liderada por Rui Rio detalha, uma a uma, as críticas que faz ao processo.
Diz que "pela primeira vez na história do PSD assistiu-se a uma ação disciplinar contra o Presidente do Partido e o seu líder parlamentar", que também "pela primeira vez na História do PSD o Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) decidiu verificar o cumprimento das propostas temáticas aprovadas em Congresso" e que também é a primeira vez que é "decidido, pelo próprio CJN, atribuir caráter vinculativo a uma proposta aprovada em Congresso. Só uma proposta e só neste Congresso!", exclama a direção.
A proposta em causa era a que propunha vincular o partido a um referendo à eutanásia. O congresso aprovou a proposta, mas Rui Rio e a direção optaram por propor liberdade de voto aos deputados. Não obstante, a direção defende-se dizendo que o objetivo da moção "se cumpriu plenamente na medida em que a Assembleia da República apreciou e votou efetivamente o referendo à eutanásia, ainda que por iniciativa de terceiros". Vincando ainda que foi "sua a decisão de atribuir a liberdade de voto na votação do referendo à eutanásia, nos exatos termos do que sempre aconteceu na história do PSD neste tipo de votações. Pelo que, eventuais ações disciplinares por força da concessão de liberdade de voto aos deputados, deveriam ser estendidas a todos os membros da CPN e nunca apenas a um só membro desta equipa".
Para Rui Rio e os seus dirigentes, a atuação do tribunal interno do PSD "não desrespeita apenas esta Direção Nacional mas toda a história do PSD e a credibilidade decisória dos nossos órgãos, que no fundo é a credibilidade do próprio partido".
Porém, como adiantou o Expresso esta quarta-feira, face ao arquivamento da sua pena, o líder opta por não levar adiante o confronto interno (Rio tinha admitido suspender funções até uma clarificação no Conselho Nacional), seguindo antes em frente: "Não obstante as pedras que constantemente nos põem no caminho, o PSD mantém-se firme no seu propósito de lutar pelas reformas de que o país precisa, de acompanhar a preocupação dos portugueses com a situação económica, de apresentar as soluções que afirmem e consolidem o PSD como a esperança numa governação reformista de progresso e de futuro."
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