Política

Marcelo e a presença de Passos no MEL: “Posso analisar para mim mesmo. Mas não posso comentar”

Marcelo e a presença de Passos no MEL: “Posso analisar para mim mesmo. Mas não posso comentar”
RUI OCHOA/ Presidência da República/ Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa vê na conferência do MEL “uma expressão de vitalidade política importante” e na presença de Pedro Passos Coelho motivo para uma “análise” que diz não poder partilhar. Reconhece, no entanto, que os eleitores em 2023 vão decidir “em função dos modelos alternativos”... e “das lideranças”

Marcelo e a presença de Passos no MEL: “Posso analisar para mim mesmo. Mas não posso comentar”

Ângela Silva

Jornalista

Haja ou não uma crescente convergência de ideias, estratégias e discursos entre as direitas que por estes dias se reúnem na conferência do MEL (Movimento Europa e Liberdade), em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa acha que o encontro vale a pena e explica porquê. "É uma expressão de vitalidade política e democrática importante."

"A vitalidade faz-se nos partidos, nas associações políticas, nos movimentos cívicos e nos encontros políticos", afirmou o Presidente da República à saída de uma exposição sobre D. Maria II, em Lisboa. E continuou: "Tem havido congressos, há encontros mais amplos, acho isso tudo muito positivo para a democracia portuguesa".

Questionado sobre se a presença de Pedro Passos Coelho deve ser lida como um sinal de que o ex-primeiro-ministro está disponível para um eventual regresso à política ativa, Marcelo colocou os olhos no horizonte e disse ver possíveis motivos para uma "análise". Mas não a quis partilhar.

"Eu não posso fazer comentários dessa natureza. Posso analisar para mim mesmo. Mas não posso comentar", afirmou.

Para um Presidente da República que anda há seis anos a pedir uma alternativa clara e forte ao atual Governo, a pergunta inevitável foi se essa alternativa pode ser feita com os atuais protagonistas. E aqui Marcelo abriu espaço para tudo.

"Temos legislativas em 2023, há um percurso até lá, temos autárquicas este ano e depois um compasso de espera", afirmou Marcelo, voltando a colocar nas autárquicas um ponto a fixar como decisivo. Depois desse compasso de espera, chegados a 2023, quando o calendário normal prevê haver eleições legislativas, o Presidente diz que "nessa altura o povo português decidirá entre modelos alternativos mais à esquerda ou mais à direita". Mas reconhece que a escolha não será apenas feita em função dos modelos: "Na altura se verá qual é a opção do povo português, em função das alternativas e das lideranças".

Depois de ter dito numa recente entrevista à RTP que Rui Rio, o atual líder do PSD, pode "não querer ou não poder" ir a jogo nas legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa voltou, nestes dias em que os protagonistas da direita saem à rua, a carregar na tecla da imprevisibilidade do que está para vir.

Já quanto à estabilidade política que espera ver assegurada até ao final da legislatura, o Presidente insistiu que confia na aprovação do próximo Orçamento do Estado "na base de uma solução similar à que permitiu a aprovação do OE para 2021". Ou seja, com o apoio do PCP e do PAN.

Mas apesar de o BE ter subido a parada oposicionista ao Governo na Convenção do passado fim de semana, Marcelo nem sequer afasta a hipótese de o próximo Orçamento acabar viabilizado com "uma base mais ampla de apoio". Leia-se: além do PCP e do PAN, o PR não descarta que o Bloco ainda possa entrar no jogo. Já à direita, a estabilidade continua mais difícil.

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