Política

PCP acusa Governo de deixar medidas "na gaveta", sendo "mãos largas" para os interesses económicos

PCP acusa Governo de deixar medidas "na gaveta", sendo "mãos largas" para os interesses económicos
PAULO NOVAIS/LUSA

Jerónimo de Sousa acusou este domingo o Governo PS de ser "mãos largas" para os grupos económicos e financeiros, mas deixar "na gaveta" medidas para responder a necessidades mais prementes do país

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o Governo PS de ser "mãos largas" para os grupos económicos e financeiros, mas deixar "na gaveta" medidas para responder a necessidades mais prementes do país.

"O PS resiste, limita, não cumpre face aos problemas dos trabalhadores, ao mesmo tempo que é 'mãos largas' com centenas de milhões de euros para os grupos económicos e financeiros, em convergência com o PSD e CDS e os seus sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal", criticou.

Numa intervenção em Baleizão, no concelho de Beja, o líder dos comunistas afirmou que se assiste à "concentração da riqueza num reduzido punhado de acionistas que se apropriam da riqueza criada pelos trabalhadores" e "sugam colossais recursos públicos".

"Acumulam lucros, distribuem dividendos, não pagam os impostos devidos e fazem sair o dinheiro do país", continuou.

Segundo Jerónimo de Sousa, "o PS teve todas as possibilidades e oportunidades para assumir uma mudança de posicionamento e passar a defender os direitos dos trabalhadores", mas "não o quis fazer", optando "pelos interesses do capital".

E o governo socialista "teve todas as oportunidades de responder às necessidades mais prementes, mas nem mesmo as possibilidades abertas pelo Orçamento para 2021 aproveitou", frisou.

Apesar de argumentar que, graças à "ação e intervenção do PCP", foi concretizado "um conjunto de medidas de aplicação direta inscritas no Orçamento do Estado [OE] e que não ficaram dependentes de execução pelo Governo", Jerónimo de Sousa destacou que outras medidas "têm, por parte do Governo, ficado na gaveta e estão por concretizar".

O líder do PCP discursava no encerramento da tradicional homenagem à trabalhadora rural Catarina Eufémia, assassinada pelas forças do regime fascista há 67 anos, em 19 de maio de 1954, na aldeia de Baleizão (Beja).

Perante algumas dezenas de militantes e simpatizantes do partido, Jerónimo de Sousa abordou também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a chamada "bazuca".

"Quando se fala de recuperação e dos milhões da tal 'bazuca', também aqui se colocam opções. A recuperação não pode ser pretexto para agravar a exploração e ser fonte de acumulação de lucros de milhares de milhões, enquanto crescem as desigualdades e as injustiças sociais", avisou o secretário-geral do PCP, num "recado" ao Governo, o qual, por diversas vezes ao longo do discurso, "colou" ao PSD, CDS-PP e à Iniciativa Liberal e ao Chega.

A situação dos trabalhadores agrícolas em Odemira também foi apontada por Jerónimo de Sousa e, disse, ilustra "o regresso" de "uma sórdida e brutal exploração" dos latifundiários, como a que existia antes da Reforma Agrária.

Odemira é "apenas um exemplo dessa realidade", no âmbito da qual "os trabalhadores, em grande parte imigrantes, sem direitos laborais, com evidências de práticas abusivas e arbitrárias, vivem em condições degradadas de habitação e saúde", afirmou.

Vincando que "acentuadas formas de exploração" se alargaram ao país, voltou a exigir que é necessário revogar "as normas gravosas na legislação laboral" que permitem, entre outras situações, "a crescente precarização do vínculo laboral e salários e direitos degradados", pelo país e em diversos setores de atividade.

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