Ter um Presidente da República com ADN de comentador tem vantagens e desvantagens, mas nunca produz efeito neutro. Marcelo Rebelo Sousa influenciou há dois anos, quando antecipou uma crise profunda e duradoura na direita — as sondagens não são tão disruptivas como parecem (já lá vamos), mas confirmam que a direita toda somada ainda é pouco. E quando, na semana passada, o Presidente disse numa entrevista à RTP que após as autárquicas de setembro/outubro Rui Rio pode “não querer” ou “não poder” manter-se como candidato a primeiro-ministro, o que se ouviu foi um tiro para a abertura da caça. Um tiro que, sendo provocatório, não é alucinado.
A um mês de o país cheirar a férias, a direita ainda viverá momentos palpitantes: o Congresso do Chega e o encontro do MEL — Movimento Europa e Liberdade (a ‘Aula Magna da direita’), que se realizam na próxima semana, vão testar empatias e sinais que com a crescente fragmentação deste lado do espectro partidário podem revelar-se essenciais para a direita chegar ao poder. Mas, sozinho ou acompanhado, caberá ao PSD liderar esta dinâmica e há uma hora da verdade marcada para a estação outono/inverno. Com autárquicas no fim de setembro e diretas no PSD em janeiro, o maior partido da oposição vai ter de decidir com quem irá a jogo contra o Partido Socialista. Uma dúzia de conversas com quem conta sugere uma conclusão: está tudo em aberto.
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