Um dia depois de ser conhecido o despacho de pronúncia que leva o presidente da Câmara do Porto a julgamento por crime de prevaricação no processo Selminho, apenas o PSD, local e nacional, não reagiu à decisão que fragiliza a ida a votos do autarca independente, reeleito em 2017 com maioria absoluta, após uma campanha em que o caso da imobiliária da família Moreira foi o principal motivo de ataque do então candidato social-democrata à câmara do Porto, Álvaro Almeida. “Não tenho negócios imobiliários no Porto”, declarava.
Na passada sexta-feita, na apresentação do candidato à presidência Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, o assunto voltou à baila quando Rui Rio advertiu que o seu ex-vice presidente na autarquia portuense “nunca se aproveitou para fazer negócios em seu benefício pessoal ou da sua família”. Remoque que Rui Moreira criticou, esta terça-feira, na RTP, ao frisar que não reconhecia a Rui Rio “essa forma de fazer política de caserna, muito próxima dos populismos e demagogos”.
Ao que o Expresso apurou, o PSD, através da Comissão Política Concelhia ou Distrital, deverá pronunciar-se esta quarta-feira, sobre a ida a julgamento do autarca independente, que já afirmou que o processo “não interferirá na avaliação política" sobre a sua recandidatura.
De pedra e cal ao lado do parceiro do 'Porto, o Nosso Movimento' mantém-se Francisco Rodrigues dos Santos, que afiança que Rui Moreira “é um político exemplar no cumprimento de valores éticos na política e na intransigente defesa do interesse público. O presidente do CDS-PP sai ainda em defesa da liderança do autarca no Porto na afirmação da Invicta, “cidade modelo a nível europeu e mundial”, reiterando, por isso, o apoio “à sua pessoa”, por confiar que a “Justiça vai reconhecer a conduta irrepreensível no exercício das suas funções”.
PS não se mete nem compromete
A concelhia do PS já avançou que não faz comentários sobre processos em tramitação no sistema judicial. “Respeitamos a independência da justiça, a quem compete decidir”, refere numa curta nota a estrutura liderada pelo deputado Tiago Barbosa Ribeiro, um dos nomes de quem se fala na corrida à Câmara do Porto.
Bem mais crítica é a posição do BE. “Não tem condições para continuar no cargo”, avisa Catarina Martins, que defende a demissão do autarca. “Em 2017, perante o insuportável conflito de interesses, João Semedo propunha uma solução a Rui Moreira: anular o acordo entre a Câmara e a Selminho. Rui Moreira preferiu o negócio à cidade”, escreveu a coordenadora do Bloco nas redes sociais, concluindo que “não vale a pena fazer de vítima agora que vai a julgamento”.
A CDU, que em 2016 fez uma queixa ao Ministério Público sobre o caso, arquivada por falta de provas de “benefícios patrimoniais” para o autarca ou família, mas com a advertência que o autarca atuou de forma “menos assisada” ao passar uma procuração ilegal, guarda agora prudência. “Cabe ao tribunal decidir o caso e a Rui Moreira decidir se deve candidatar-se”, referiu Ilda Figueiredo ao Jornal de Notícias.
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