Alberto João Jardim esteve sempre ao lado de Rui Rio nos combates internos no PSD mas esta segunda-feira, num artigo de opinião publicado no Jornal da Madeira, não foi brando nas críticas: pediu um "novo rumo" para o PSD nacional, que tem de estar "na luta política já", pediu ação e pediu ao partido para "acordar". Rui Rio ouviu o ex-presidente do governo regional da Madeira e tomou notas: "Vi com atenção e reconheço que há ali algumas coisas em que tem razão", disse aos jornalistas no final de uma visita ao museu do Holocausto, no Porto. Mas uma coisa é mudar o tom, outra é mudar a liderança.
Mudar o tom, pelo menos, é coisa que Rui Rio está disposto a fazer. "Há diversas fases na vida política e estamos agora numa fase de degradação acentuada da governação, por isso reconheço que compete a um partido da oposição acentuar a sua oposição", disse, insistindo na sua velha máxima de que fazer oposição não é "atacar quando não há razões para atacar".
É preciso fazer uma "gestão política" da própria oposição, para equilibrar aquilo que deve ser o "sentido de responsabilidade" e o "sentido de Estado" com aquilo que deve ser a crítica e o apontar do dedo. "Tenho de ajustar o posicionamento do PSD face às circunstâncias em cada momento, e é óbvio que as circunstâncias hoje, em maio de 2021, não são as mesmas do que as de março de 2020", disse quando confrontado pelos jornalistas com a crítica de Alberto João Jardim.
Uma crítica que "merece a consideração" do líder do PSD, já que Alberto João Jardim tem ideias "genuínas e sentidas" que merecem ser "respeitadas". Ou seja, insiste Rio, "há momentos para tudo". E uma coisa é fazer oposição no início da pandemia, quando é preciso "responsabilidade", outra coisa é "chegar a meio da legislatura e o ambiente estar a degradar-se fortemente".
Rio está disposto a subir o tom, e diz que é isso que tem feito a propósito da situação de Odemira, da gestão do dossiê do Novo Banco ou do caso das barragens da EDP. E também dos festejos do Sporting: "O ministro da Administração Interna acumula falhas atrás de falhas, além de que também já me ouviram a fazer fortes críticas à ministra da Justiça. Vamos fazendo isso. Não me vão ver é aos gritos e aos insultos, que esse não é o meu estilo", disse. Uma postura que "bate certo" com a preocupação de Alberto João Jardim. Jardim pediu ao PSD para "acordar", Rio diz que é isso mesmo que está a fazer.
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