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Como Marcelo fez da emergência uma arma

Como Marcelo fez da emergência uma arma

Costa torceu o nariz ao estado de emergência. Marcelo reforçou o seu poder. Foram 218 dias a testar o semipresidencialismo

Como Marcelo fez da emergência uma arma

Ângela Silva

Jornalista

Sempre que uma alta patente da política visita uma escola, aparecem alunos com perguntas geniais. Umas serão genuí­nas, outras uma encomenda. E na primeira saída à rua do Presidente da República após o último inverno confinado houve uma pergunta de um aluno que acertou na mouche: “Ó Marcelo, porque é que fechaste as lojas?” Foi a 5 de abril, quando os segundo e terceiro ciclos voltaram às escolas e Marcelo Rebelo de Sousa visitou a Francisco de Arruda, em Lisboa. O Presidente preferiu falar do “dia histórico” que disse esperar “sem recuo”, mas a impressão digital que ficou da conversa foi outra: quem manda é ele.

A gestão do ano de pandemia conta uma história diferente. Governo, Presidente, Parlamento, partidos e até epidemiologistas foram uma equipa multitask a partilhar responsabilidades. E a ideia foi acertada entre Presidente e primeiro-ministro mal a pandemia nos bateu à porta e ambos perceberam o que aí vinha. Logo na primeira reunião com todos, no Infarmed, António Costa pediu que fosse Marcelo a falar no final. Marcelo aceitou. Mesmo que tivesse recusado, o reforço da sua ação política era inevitável a partir do momento em que o país viveu 218 dias sob uma figura legal chamada estado de emergência, o segundo maior poder constitucional de um chefe de Estado (o primeiro, “a bomba atómica”, é a dissolução do Parlamento).

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